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Síndrome de Burnout e a Prevenção

De maneira inevitável, em qualquer trabalho o ser humano precisa interagir com seus semelhantes, sejam familiares ou amigos de trabalho. 

No caso de Moisés, quando recebe esse conselho do sogro Jetro (Êx 18.15), que observou a sua constante relação com seus liderados detectou que a saúde emocional do genro poderia ser abalada.

Quando este contato é harmonioso, contributivo e natural gera-se contentamento e evolução. Quando ele é desordenado pode dar início ao nascimento de limitações para o desenvolvimento das atividades provocando “obstáculos” nos alvos a alcançar. As condutas do cidadão no ambiente profissional às vezes tornam-se tão informais que as ampliações éticas e profissionais ficam sobrecarregadas e por fim os indivíduos começam a ficar vulneráveis a níveis altos de estresse e esgotamento emocional, distanciando das relações interpessoais e abatimento do sentimento de realização pessoal. Profissionais cujas áreas de atuação exigem relacionamento interpessoal consistente podem aumentar estados patológicos como a síndrome do pânico e a síndrome de Burnout, também popular como síndrome da exaustão emocional.

A principal especialidade da Síndrome de Burnout, segundo Varella, “é a situação de conflito emocional e estresse crônicos incitado por condições de afazeres físicos, emocionais e psicológicas desgastantes”, sobretudo no ambiente de trabalho que se encontra o profissional do ensino. Perrenoud (1993) qualifica como uma “missão dificílima”, pois está sempre entre aquelas que se relacionam com pessoas de diferentes culturas, religiões e etnias, e, por esta razão, o triunfo da iniciativa educacional nunca estará garantido, pois em tal ofício consecutivamente poderá originar variações, imprecisões, desordens, opacidades e organismos de defesa.


O atual estudo harmoniza o resultado alcançado por meio de investigação cuja finalidade é identificar o fato da Síndrome de Burnout em líderes que ignoram o conselho de Jetro. Analisar a ocorrência da Síndrome de Burnout em membros que ocupam liderança na Igreja, principalmente nas classes de Escola Dominical, isso representa uma assistência para o desenvolvimento do tema.

Percebe-se que a partir da ciência de suas causas, sintomas e práticas esses professores podem procurar meios para evitá-la.

Identificando a Síndrome de Burnout

De acordo com Bontempo (1999), o surgimento da Burnout é atribuído a causas pessoais, institucionais e características dos pacientes. Nessa abordagem, as causas pessoais se devem a “aspirações nobres e elevado idealismo inicial, falta de critério para avaliar seus desejos, sobrecarga auto imposta e alguns traços da personalidade” e, em relação às causas institucionais, a “sobrecarga de trabalho, falta de autonomia e de apoio institucional, ambiguidade, falta de apoio, feedback e colegas de trabalho” (BONTEMPO, apud MALAGRIS, 2004, p. 201). Quanto à terceira causa, reporta-se ao indivíduo que já foi acometido pela síndrome e, por diversos motivos, não apresenta melhora.

Maslach e Leiter (1999) afirmam que o ambiente de trabalho e como este ambiente se organiza é o responsável, em grande parte, pelo desgaste sofrido atualmente pelos trabalhadores e que, apesar de todo esse desgaste, as empresas se eximem de responsabilidades, direcionando o problema tão-somente ao próprio trabalhador.

O estudo da arte concebido por Malagris (2004) apreendeu que o aumento da síndrome de Burnout, de acordo cornos autores: Bontempo (1999) e Benevides-Pereira (2002), apresenta três aspectos principais: exaustão emocional, despersonalização e redução da realização pessoal e profissional. A exaustão emocional é assinalada por total esgotamento da energia física e mental, aparece quando o profissional tem um excessivo envolvimento emocional com o trabalho, é sobrecarregado de afazeres e sente-se deprimido.

O sujeito, nessa situação, tem o sentimento de que está no limite das suas possibilidades e se imagina incapaz de recuperação. Torna-se intransigente, irritável, nada generoso, indolente, de comportamento rígido. Começa então a querer se isolar das relações humanas. Mantém- se indiferente. Ainda nessa abordagem, caso ocorra esse distanciamento emocional, o líder chega à despersonalização, momento em que o vínculo afetivo é substituído por um mais racional e o líder passa a não ver o outro como ser humano.

Malagris (2004) enfatiza que o modo cordial de trabalhar que esse líder tinha no início da missão é trocado, nesse estado, por um modo depressivo. A autora entende que a atitude fria em relação ao outro, o distanciamento emocional e, muitas vezes, “a atitude cínica”, estão associados à despersonalização, podem levar o líder a sentimento de culpa e angústia, experimentando, então, um desapontamento a prática profissional e pessoal. Verifica-se baixa autoestima, senso de fracasso profissional.

Entretanto, a autora adverte que, embora nem todos os lideres nessas mesmas condições desenvolvam a Síndrome de Burnout, esses sentimentos podem levar a um desejo de abandono da igreja, pois o líder, frustrado e decepcionado, nele não encontra sentido na função que desempenha.

O Síndrome de Burnout apresenta 12 estágios

De acordo com informações obtidas no site “saúde experts”, a Síndrome de Burnout apresenta 12 estágios:

1 - Necessidade de se afirmar ou provar ser sempre capaz;

2 - Dedicação intensificada - Com predominância da necessidade de fazer tudo sozinho e a qualquer hora do dia (imediatismo);

3  - Descaso com as necessidades pessoais - Comer, dormir, sair com os amigos começam a perder o sentido;

4  - Recalque de conflitos - O portador percebe que algo não vai bem, mas não enfrenta o problema. É quando ocorrem as manifestações físicas;

5  - Reinterpretação dos valores - Isolamento, fuga dos conflitos. O que antes tinha valor sofre desvalorização: lazer, casa, amigos, e a única medida da autoestima é o trabalho;

6  - Negação de problemas - Nessa fase os outros são completamente desvalorizados, tidos como incapazes ou com desempenho abaixo do seu. Os contatos sociais são repelidos, cinismo e agressão são os sinais mais evidentes;

7  - Recolhimento e aversão a reuniões (anti-socialização);

8  - Mudanças evidentes de comportamento (dificuldade de aceitar certas brincadeiras com bom senso e bom humor);

9  - Despersonalização (evitar o diálogo e priorizar e-mails, mensagens, recados, etc.);

10 - Vazio interior e sensação de que tudo é complicado, difícil e desgastante;

11 - Depressão - Marcas de indiferença, desesperança, exaustão. A vida perde o sentido;

12 - A síndrome do esgotamento profissional propriamente dita, que corresponde ao colapso físico e mental. Esse estágio é considerado de emergência e a ajuda médica e psicológica uma urgência, (www.saudeexperts.com.br).

Estresse: a origem da Síndrome de Burnout


Para entender o estresse no trabalho (líder) deve-se primeiro compreender as diferentes concepções envolvidas no processo que leva até ele e originando assim a Síndrome de Burnout.

A fim de que seja percebido o estresse é necessário atentar-se aos casos estressores que deflagram as reações de adaptação. Para Lipp (2005), o estresse pode apresentar três sentidos básicos e que a autora afirma ser uma reação do organismo que acontece quando aparece a necessidade de grande adaptação a um evento ou situação de importância em que esses fatores podem ter um sentido negativo ou positivo.

A autora evidencia as seguintes considerações sobre o estresse:

1  - ESTRESSE POSITIVO, sendo aquele que acontece na fase inicial, a do alerta. O organismo produz adrenalina que dá ânimo, potência e energia fazendo o indivíduo produzir mais e ser mais criativo. Ele pode passar por momentos em que dormir e descansar passa a não ter tanto valor. É a etapa da produtividade. Ninguém consegue ficar em alerta por muito tempo, pois o estresse se toma demasiado quando dura demais.

2  - ESTRESSE IDEAL acontece quando o indivíduo aprende o manejo do estresse e gerencia a fase do alerta de modo eficiente, alternando entre estar em alerta e sair do alerta. Para quem aprende a fazer isso, o “céu é o limite”. O organismo precisa entrar em homeostase após uma permanência em alerta para que se restaure (LIPP, 2005, p. 67).

Após a recuperação, não há dano em entrar de novo em alerta. Se não há etapa de recuperação, doenças começam a ocorrer, pois o organismo se esgota e o estresse aumenta muito.

3 - ESTRESSE NEGATIVO é o estresse em exagero. Sucede quando a pessoa extrapola limites e exaure a capacidade de adaptação. O organismo fica destituído de nutrientes e fica reduzindo energia mental. Produtividade e capacidade de trabalho tornam-se muito prejudicadas. A qualidade de vida sofre danos. Em seguida a pessoa pode ficar doente. Lipp (2005) ainda afirma que o estresse pode ser excessivo porque o evento estressor é forte demais ou porque se prolonga em excesso.

Muitas podem ser as causas ou as fontes causadoras de estresse. De acordo com Lipp (1984), o estresse pode ser ocasionado de fontes externas e internas. As fontes internas estão conexas com a maneira de ser do indivíduo, tipo de personalidade e seu modo típico de reagir à vida. Muitas vezes, não é o acontecimento em si que pode ser estressante, mas a forma como é decodificado pela pessoa.

Por outro lado, os estressores externos podem estar ligados com as cobranças do dia-a-dia da pessoa como os problemas de trabalho, familiares, sociais, morte ou doenças de um filho, perda de uma posição na empresa, não concessão de um objetivo de trabalho, perda de dinheiro ou problemas econômicos, notícias atemorizantes, assaltos e violências das grandes cidades, etc.

Considerações finais

Este estudo evidenciou que, embora a qualidade de vida do líder que ocupa alguma função na Igreja tenha sofrido modificações substanciais, foi relevante estudá-la para compreensão dos fatos que reúne o contexto profissional do trabalho do líder. E, também, para não se fazer um julgamento sem fundamento teórico/cientifico sobre a Síndrome de Burnout na Igreja.

Do mesmo modo, as incoerências existentes podem estar na origem da exposição aos fatores de risco para a possibilidade da síndrome se instalar dentro dessas categorias de líderes que ensinam na igreja.

Recordando que este texto é de uso informativo apenas e não deve substituir o diagnóstico concretizado por médico psiquiatra ou psicoterapeuta de preferência de cada educador questionado.


AS PRINCIPAIS FORMAS DE PREVENIR A SÍNDROME DE BURNOUT SÃO:


1) Defina pequenos objetivos na vida profissional e pessoal.

2) Participe de atividades de lazer com amigos e familiares.

3) Faça atividades que "fujam" à rotina diária, como passear, comer em restaurante ou ir ao cinema.

4) Evite o contato com pessoas "negativas", especialmente aquelas que reclamam do trabalho ou dos outros.

5) Converse com alguém de confiança sobre o que se está sentindo.

6) Faça atividades físicas regulares. Pode ser academia, caminhada, corrida, bicicleta, remo, natação etc.

7) Evite consumo de bebidas alcoólicas, tabaco ou outras drogas, porque só vai piorar a confusão mental.

8) Não se automedique nem tome remédios sem prescrição médica.
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A história oficial da pandemia de Coronavírus no Brasil

No Brasil, a história oficial da pandemia começou em 25 de fevereiro, quando um homem de 61 anos se tornou o primeiro a receber o diagnóstico positivo para Covid -19, no Hospital Albert Einstein, em São Paulo.

Ele havia chegado, cinco dias antes, de uma viagem de negócios à região da Lombardia, no norte da Itália. Ao deixar o aeroporto, passou no escritório e foi para casa, no bairro de Santo Amaro, na Zona Sul. No sábado 22, participou de um almoço na residência de um dos filhos com cerca de trinta pessoas, entre amigos e parentes.

A família, de descendentes de italianos, se abraçou e se beijou fartamente.

OS PRIMEIROS SINTOMAS

Os primeiros sintomas da doença surgiram no dia 23 — dor de garganta, febre baixa, dores musculares, tosse seca e coriza.  A persistência dos sinais fez com que desconfiasse que poderia estar infectado com a doença que assolava a Itália.

No dia 24 à noite, ele foi ao pronto-socorro, acompanhado da mulher. Os sintomas e o histórico de viagem ao exterior fizeram a equipe médica suspeitar rapidamente de que pudesse estar diante do primeiro caso da nova infecção. O Einstein até então havia feito cerca de trinta exames para Covid-19 em pessoas com situação semelhante, todos negativos. O resultado só seria confirmado no dia seguinte, mas o futuro paciente zero foi encaminhado para casa com a recomendação de isolamento total, com máscaras cirúrgicas e instruções de segurança para evitar contágios no trajeto e dentro de sua residência.

O comunicado positivo para a enfermidade foi feito pelo infectologista Fernando Gatti, por telefone. Ao longo de duas semanas, Gatti trocou mensagens remotamente com o doente ao menos quatro vezes por dia.


🔍Saiba mais: O que é o Coronavírus?


O CORONAVÍRUS CIRCULADO NO BRASIL

Ressalve-se que, com olhar retroativo, pode não ter sido ele o ponto de partida. Trabalho feito pela Fundação Oswaldo Cruz, no Rio, mostrou que o novo coronavírus já circulava no Brasil na primeira semana de fevereiro, vinte dias antes do primeiro caso diagnosticado. A hipótese foi levantada com base no aumento de mortes de pessoas hospitalizadas com graves sintomas respiratórios, hoje associados à infecção.

 

Fonte: Revista Veja, ano 53 – N° 23 – 3 de junho de 2020

💻 Adaptação: Cristão Alerta


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A Política da Igreja

🎯 O que é pouco concebível é buscar na Bíblia do primeiro século resposta para uma questão de modelo socioeconômico para o ocidente pós-industrial dos séculos 20 e 21: capitalismo ou socialismo? Compreendemos que o homem tem uma profunda necessidade de aprovação divina para suas opções contingentes. Daí uma busca inglória (da direita e da esquerda) de "bases bíblicas" para seu programa quando ele já está elaborado — a legitimação é buscada a posteriori.

1. A ética social da igreja primitiva

👉A EXPANSÃO INICIAL DA IGREJA FOI INSERIDA EM UM tempo preparado por Deus.

O Senhor usou a unidade política imperial de Roma: uma só legislação e uma só autoridade, permitindo fácil comunicação e deslocamento dentro das imensas fronteiras que abarcavam a maior parte do mundo civilizado de então. Era uma legislação tolerante para com as religiões reconhecidas. O judaísmo era uma delas. O cristianismo foi tido, no início, como um ramo divergente do judaísmo. Havia uma "língua franca", o grego, falada em todo o império, na qual foi escrito o Novo Testamento. Dentro do império os judeus, com sua esperança messiânica, juntamente com os nativos prosélitos, estavam em todas as cidades principais, inclusive a capital. Foram os primeiros ouvintes e contatos da obra de evangelização.

Inicialmente a Igreja não foi obediente à ordem de anunciar a mensagem "a toda criatura", praticamente permanecendo restrita à Palestina e a Jerusalém em particular. Deus usou a perseguição romana para espalhar seu povo.

A Igreja teria de reconhecer que a mensagem era para todos, e não somente para o povo da antiga aliança. O que ocorreu entre 66 e 73 d.C. foi uma nova e final guerra de libertação anti-imperial, liderada pelos zelotes. Roma, sangrentamente, esmagou a revolta, pôs fim à existência nacional judaica, espalhou os antigos habitantes (diáspora) e destruiu as cidades, aldeias e plantações. Jerusalém foi destruída. O templo foi destruído, pondo fim ao sacrifício. Já não se haveria de adorar em Jerusalém ou no monte, mas em espírito e em verdade. A destruição nacional se liga ao crescimento da nova "nação santa". A vontade de Deus foi feita com a mediação do braço político-militar imperial. Mistério e verdade.

O modelo de vida da igreja-mãe de Jerusalém foi eminentemente comunitário. Não somente viviam em impressionante espírito de fraternidade, como abdicavam do direito de propriedade privada: "Todos os que creram estavam juntos e tinham tudo em comum. Vendiam as suas propriedades e bens, distribuindo o produto entre todos, à medida que alguém tinha necessidade" (At 2.44-45); "Da multidão dos que creram era um o coração e a alma. Ninguém considerava exclusivamente sua nem uma das coisas que possuía; tudo, porém, lhes era comum. Pois nenhum necessitado havia entre eles, porquanto os que possuíam terras ou casas, vendendo-as, traziam os valores correspondentes e depositavam aos pés dos apóstolos; então, se distribuía a qualquer um à medida que alguém tinha necessidade" (At 4.32, 34-35).

Perseguidos e pobres, não construíam templos, mas se reuniam nas casas dos crentes, colaborando para a solidez da instituição familiar. A refeição conjunta, naquele contexto cultural, era o grande símbolo da unidade de crenças e propósitos, da consideração mútua como irmãos. Diante do Senhor não há distinções, e os irmãos demonstravam isso de modo tão prático que causava impacto entre os inconversos, ao ponto de atraí-los à fé. O texto nos diz que essa qualidade de vida — individual e comunitária — implicava a simpatia do povo e o êxito da evangelização: "Enquanto isso, acrescentava-lhes o Senhor, dia a dia, os que iam sendo salvos" (At 2.47b).

Perguntamo-nos: não está o relativo insucesso da obra de evangelização, em nossos dias, relacionado com a visível ausência de implicações práticas, na vida dos fiéis e no âmbito das relações da comunidade, que atestem o novo nascimento?

Tem havido muita controvérsia quanto à opção socioeconômica da Igreja de Jerusalém. É claro que era uma forma primitiva de comunismo (bens em comum), que posteriormente iria influenciar o movimento monástico e, depois da Reforma do século 16, algumas formas de comunidades pietistas. Embora hoje essa influência seja mais notada na Igreja de Roma — sempre alérgica ao capitalismo — registra-se um ressurgimento monástico protestante (principalmente na Europa) e a proliferação de comunidades, ou "casas", de evangélicos leigos, casados e profissionais que optam por um estilo de vida diferente dentro da sociedade.

🎯 O que é pouco concebível é buscar na Bíblia do primeiro século resposta para uma questão de modelo socioeconômico para o ocidente pós-industrial dos séculos 20 e 21: capitalismo ou socialismo? Compreendemos que o homem tem uma profunda necessidade de aprovação divina para suas opções contingentes. Daí uma busca inglória (da direita e da esquerda) de "bases bíblicas" para seu programa quando ele já está elaborado — a legitimação é buscada a posteriori.

🎯 Sobre o que aconteceu na igreja primitiva, entendemos que:
👉1. O modelo de vida da Igreja de Jerusalém não era normativo, pois não o encontramos em outras igrejas da época;

👉2. O modelo era uma opção da Igreja, e não uma proposta feita por ela para o mundo;

👉3. Viver o modelo era uma opção livre, e não resultado de
coação;

👉4. O modelo, em parte, se relaciona com um erro de interpretação de escatologia: a crença de que o Senhor voltaria logo, não valendo a pena gastar tempo com outras coisas. Erro que ainda hoje muita gente comete, não querendo trabalhar ou estudar, mas se ocupar somente das coisas espirituais, com semelhante, alegação. Isso não deixa de ser uma desobediência, pois somos instados a levar uma vida normal, de obediência, e o Senhor virá subitamente, quando quiser;

👉5. Consequentemente, o modelo fracassou, porque era um comunismo de bens e consumo, e não de bens e produção. Quando todos acabaram de comer o que era de todos, todos ficaram com fome (juntamente em uma época adversa), dependendo da caridade dos irmãos de outras igrejas, que continuavam trabalhando.
📝Ao lado disso, podemos tirar lições positivas:

1. No Éden, como na Nova Jerusalém, não se pode cogitar em propriedade privada e desníveis socioeconômicos, porque, na comunhão absoluta com Deus, a vida se baseia no amor, e não na competição;

2. A vida em comum é um modelo do reino de Deus, e não do mundo sem Deus, partindo de uma mudança interior. A natureza humana caída é egoísta, e toda tentativa de transformá-la de fora tem resultado em luta, sangue, ódio e imposição. Uma situação artificial, que pode arrebentar a qualquer momento, desde que se enfraqueçam os mecanismos coercitivos;

3. A igreja primitiva atestou, antecipadamente, o modelo do reino de Deus, deixando para as igrejas da posteridade uma lição de necessidade de desprendimento dos bens materiais e de sensibilidade diante das necessidades dos carentes;

4. Qualquer tentativa atual (comunidades pietistas ou Kibutzin judeus) deve incluir necessariamente o elemento trabalho: uma comunidade de produção, segundo uma divisão natural de necessidades, recursos, talentos e vocação;

5. A vida em comunidade é uma opção cristã para hoje (e deve ser mais difundida), não tendo, contudo, caráter normativo. Os que preferem outras opções, porém, devem manter em mente os ideais do reino, como agentes do amor e da justiça no trabalho, no lar, na igreja e na sociedade.

Os conservadores, em geral, se sentem desconfortáveis com esse texto, procuram "passar por cima", espiritualizar ou acentuar o erro dos irmãos daquele tempo. Qualquer possibilidade admissível ficaria para o milênio. Os radicais, por sua vez, universalistas quanto à salvação, pós-milenistas quanto à escatologia e esquerdistas quanto à política, terminam por sacralizar uma opção socialista agora, advogando uma frente unida com ideologias seculares materialistas na expansão do reino, não por meio da graça e do Espírito Santo, mas da doutrinação e da coação, crentes em uma mudança de fora para dentro, apelando mais para o exemplo do Antigo do que do Novo Testamento. O pensamento político liberal, por sua vez, finca pé na defesa da propriedade privada como defesa do cidadão contra o arbítrio do Estado, como instrumento de criatividade e subsistência pessoal e familiar, vinculado a um objetivo de alcance do bem comum, com uma função e destinação social, dentro de uma dinâmica histórica que supera suas etapas.

Referências:CAVALCANTI, Robinson. CRISTIANISMO E POLÍTICA; Teoria Bíblica e Prática Histórica. Viçosa - MG: Ultimato, 2002.
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Ser político é algo inerente à condição do ser humano

🎯 A vida social no seu todo, ou em cada um dos seus grupos ou instituições componentes, é uma vida política.

Já afirmava Aristóteles ser o homem um animal político. Ser político é algo inerente à condição do ser humano. Política significava, originalmente, o conhecimento, a participação, a defesa e a gestão dos negócios da polis (cidade-estado na Grécia). A vida social no seu todo, ou em cada um dos seus grupos ou instituições componentes, é uma vidapolítica. Impossível a existência sem autoridades, normas, sanções, mecanismos de participação, formas de decisão. Vê-se o político pelo ângulo do poder inerente ao social. Abstraindo-se o conceito de poder, o social daria lugar ao caótico.

1. O poder político.

O poder político (soberano e monopolizador da coercibilidade) se manifesta contemporaneamente na instituição estatal. Todo homem é cidadão de um Estado, sujeito de deveres e direitos. Todo homem (incluindo-se o cristão) é sócio, do nascimento até a morte, de um organismo político. Apenas o apátrida não se vincula a um Estado, mas com documentos da organização internacional (a ONU) se insere politicamente, como residente temporário ou permanente, na vida do Estado que o recebe. O apolítico é um personagem de ficção.

2. O termo “apolítico”.

O termo apolítico pode ser traduzido como apartidário, não- engajado, alienado. Ser apolítico não é deixar de tomar posição. Ser apolítico já é uma posição em si — uma opção para fora, uma opção pelo não ser, uma opção pela omissão. A omissão é um voto permanente e reiterado em favor ou contrário a medidas, governantes, partidos ou regimes. O voto por omissão é tão responsável, tão culpado, quanto o voto consciente. Com exceção do alienado mental, do indígena (que vive a política da tribo) e de alguns rurícolas (cultural e especialmente isolado), o apolítico (alienado político) é consciente e deliberado em sua opção pela omissão, sendo, por conseguinte, corresponsável pelos resultados para os quais concorre com sua postura.

O ser apolítico é um escapismo, uma fuga, uma irresponsabilidade com sonora roupagem pseudo-inteligente. É uma racionalização, uma elaboração de desculpa para o indesculpável, revestida, no caso do cristão, de uma embalagem espiritual, uma "espiritualização" do pecado. A ignorância, o medo, o preconceito, o egoísmo e a não autenticidade seriam causas de tão lastimável e danosa escolha. Fuga da responsabilidade como cristão e como cidadão. Fuga da maturidade e do comportamento adulto. O apolítico não tem como deixar de ser político, só que o é pessimamente.

3. Não há lugar mais político do que uma igreja.

Não há lugar mais político do que uma igreja. O que são os sistemas episcopal, presbiteriano e congregacional senão formas eclesiásticas de governo? O que fazemos quando elegemos um pastor ou excluímos um membro? Onde encontraríamos tão representadas as fraquezas humanas, o orgulho e a inveja, a luta pelo poder, as "queimações" e os conchavos, as tendências e os partidos (de Paulo, de Apoio...)?

4. O político e o eleitoral.

Um problema, cremos, é a confusão que se faz entre o político e o eleitoral. O eleitoral é apenas uma das dimensões do político e não esgota em si uma realidade muito mais abrangente. Quando se fala em política se pensa logo em eleições, comícios, cabos eleitorais, vereadores, deputados. Quem integra o processo eleitoral faz política, mas nem todo que faz política está à frente do processo eleitoral. Ministérios, secretarias, cargos de confiança os mais importantes, se exercem à margem ou a posteriori desse processo. Que dizer dos países onde não há eleições: seriam Estados sem políticos? Sem política? Se o político não pode ser confundido com o eleitoral, não deve, semelhantemente, ser identificado com politicagem, forma eticamente corrompida, dado negativo, condenável, da realidade política. Porque existe feijão podre não vamos deixar de comer feijão, julgando todos os grãos podres...

5. A qual classe política você pertence?

📝 Politicamente, podemos classificar as pessoas em:

👉a) alienadas: desconhecem os dados mais elementares, não compreendem os porquês dos processos, evitam participar, não conseguem dar significado a seus atos na polis;

👉b) conscientizadas: formam a opinião pública consciente, se interessam, procuram se manter informados, fazem opções conscientes, procuram influir;

👉c) engajadas: uma parcela dos conscientizados que procura conduzir os acontecimentos, por vias eleitorais ou não eleitorais, formais ou informais, pacíficas ou violentas; do presidente da República a um barbeiro que atua como agente conscientizado, formador de opinião, passando pelos líderes sindicais, estudantis, partidários etc., e os chamados grupos de pressão.

Um país politicamente desenvolvido tem uma parcela diminuta de sua população alienada, um percentual majoritário de conscientizados e um número significativo de engajados, que representam os diversos segmentos do povo, e dispõe de canais estáveis de acesso e participação. Situação atípica é a do país em guerra civil, em que o número de engajados chega a superar os meros conscientizados, acarretando transtornos à vida econômica do país. Os Estados politicamente subdesenvolvidos possuem uma larga base de pirâmide social constituída de alienados, uma faixa intermediária limitada de conscientizados e uma minoria privilegiada de engajados, representando apenas alguns setores da população. Conscientizar, participar, reivindicar, fiscalizar, sugerir, estabilizando os canais legais, de modo pacífico e decidido, dentro de um pluralismo de posições mutuamente respeitáveis, é contribuir para o desenvolvimento político de um país.

Ser conscientizado é dever de todo cidadão. Somente as minorias privilegiadas, que monopolizam o exercício do poder, é que não estão interessadas nesse processo, antes preferindo a apatia e a ignorância que tanto as beneficia. Ressaltamos a necessidade de evitarmos uma conscientização unilateral (uma só fonte), pois um amadurecimento político pressupõe uma absorção seletiva, um acesso a dados e opiniões de diversas tendências e procedências.

Sendo a atividade política algo necessário, válido e digno, os cristãos, esclarecidos, devem se fazer presentes, interessados em gerir alguma coisa pública (res publica), não só para assegurar os seus direitos e cumprir seus deveres (e os de sua família, de sua igreja, de sua categoria profissional etc.), mas também para permear a sociedade de valores que redundem em uma maior benefício para todos e cada um. É o que a Bíblia nos ensina e o que a história atesta.

Referências:CAVALCANTI, Robinson. CRISTIANISMO E POLÍTICA; Teoria Bíblica e Prática Histórica. Viçosa : Ultimato, 2002.

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Somos Seres filosóficos

🎯
O que torna a tarefa do filósofo diferente daquela do homem comum é que procura sondar o problema mais profundamente.
A palavra “filosofia” é de origem grega. Segundo historiadores, foi o filósofo grego Pitágoras de Samos quem a inventou, em cerca de 600 a.C.  A palavra filosofia é a composição de dois termos gregos: filo + Sofia.

FILO
SOFIA
Filo decorre de philía e o significado deste termo é amizade, amor. Na língua grega, há o verbo philéo, que significa sentir amizade por alguém, tratar como amigo, procurar, buscar, perseguir para encontrar.
A palavra Sophia significava, em um primeiro momento, uma espécie de habilidade manual. Em seguida, também era aplicada à ideia de sabedoria moral, sensatez, prudência. Por fim, significou um conhecimento teórico. O verbo sophízo significava tornar hábil, prudente, sábio.


Em suma, Philo, significa “amizade”, “amor”. Sophia, significa “sabedoria”. Filosofiasignifica, literalmente, “amor à sabedoria” e filósofo, “amante (aquele que ama) do saber”.

A palavra filosofia, nos nossos dias, entretanto, é usado para designar estudos sistemáticos e racionais, como a ética, a estética, a metafísica, a política, a lógica, a epistemologia(gnosiologia) e outros de tempos mais modernos, como a filosofia da ciência, a religião, a educação, a matemática, etc. Essa palavra foi usada pela primeira vez por Pitágoras, em 600 A.C., a fim de designar aqueles que “buscam a sabedoria”, — em vez dos interesses usuais, como os esportes, os prazeres e as vantagens financeiras.

1. Outras relevantes definições

Sócrates se utilizava da palavra filosofia para indicar os pesquisadores da sabedoria.

a) Filosofia é o uso do saber em proveito do homem. Platão observa que de nada serviria possuir a capacidade de transformar pedras em ouro a quem não soubesse utilizar o ouro, de nada serviria uma ciência que tornasse imortal a quem não soubesse utilizar a imortalidade, e assim por diante. É necessária, portanto, uma ciência em que coincidam fazer e saber utilizar o que é feito, e esta ciência é a filosofia.

Platão afirmava que o termo “sábio” pode ser atribuído somente a Deus, mas que um homem pode ser um “pesquisador” da sabedoria, ou um “filósofo”, um “amigo da sabedoria”, o que é o sentido implícito no vocábulo.

b) Na definição de Descartes, FILOSOFIA significa o estudo da sabedoria, e por sabedoria não se entende somente a prudência nas coisas, mas um perfeito conhecimento de todas as coisas que o homem pode conhecer, tanto para a conduta de sua vida quanto para a conservação de sua saúde e a invenção de todas as artes.

c) Filosofia é o estudo que se caracteriza pela intenção de ampliar incessantemente a compreensão da realidade.

d) A filosofia, é a análise crítica dos conceitos fundamentais da pesquisa humana, a discussão normativa de como o pensamento e a ação humanos devem funcionar, e a descrição da natureza da realidade.

2. A tarefa do filósofo

O que torna a tarefa do filósofo diferente daquela do homem comum é que procura sondar o problema mais profundamente. Não somente está interessado na ação certa; está interessado no princípio que justifica aquela ação. Ao passo que o homem ou mulher comum desejam uma solução pessoal, o filósofo trabalha para uma solução que será universalmente, ou pelo menos geralmente, aplicável em situações semelhantes.

A dupla tarefa do filósofo é explicar aquilo que um homem quer dizer, e resolver se aquilo que ele disse é verdadeiro.

O filósofo continuamente examina a vida, seus propósitos e suas pressuposições. Está ocupado com o pensamento crítico, e com o pensamento claro e correto.

3. O que não é filosofia

A Filosofia não é uma ciência: é uma reflexão crítica sobre os procedimentos e conceitos científicos.   
Não é uma religião: é uma reflexão crítica sobre as origens e formas das crenças religiosas. 
Não é arte: é uma interpretação crítica dos conteúdos, das formas, das significações das obras de arte e do trabalho artístico. 
Não é sociologia nem psicologia, mas a interpretação e avaliação crítica dos conceitos e métodos da sociologia e da psicologia. 
 Não é política, mas interpretação, compreensão e reflexão sobre a origem, a natureza e as formas do poder. 
Não é história, mas interpretação do sentido dos acontecimentos enquanto inseridos no tempo e compreensão do que seja o próprio tempo. 

A filosofia é conhecimento do conhecimento e da ação humana, conhecimento da transformação temporal dos princípios do saber e do agir, conhecimento da mudança das formas do real ou dos seres, a Filosofia sabe que está na História e que possui uma história.

4. Somos seres filosóficos

Em várias ocasiões, todas as pessoas filosofam. Este filosofar ocorre sempre que alguém reflete, ou sobre as pressuposições fundamentais do pensamento e da ação, ou sobre os fins para os quais a conduta da vida humana deve ser dirigida. A verdade, é que todos somos filósofos, pois temos todos, uma maneira de entender a realidade que nos cerca.
A diferença fundamental é que alguns são conscientes de que é impossível não ter uma visão de mundo, e estudam mais profundamente o assunto para melhor organizar os dados da realidade; outros, porém, formam uma visão da realidade não sistemática, inconscientes de seus próprios valores. Mas, todos são obrigados a desenvolver, ainda que intuitivamente, uma teoria interpretativa da realidade.

Foi por essa razão que o célebre filósofo e matemático francês Blaise Pascal disse: "Zombar da filosofia é, em verdade, filosofar".
É impossível fugir dessa realidade! É necessário um mínimo de reflexão filosófica para se pensar que a filosofia é inútil e ridicularizá-la!
a) De que, pois, você precisa para ser um bom filósofo?

De forma sucinta, no entanto, o ingrediente indispensável que o bom filósofo possui é uma mente inquiridora ou que faz perguntas. Você tem o equipamento necessário.

Para filosofar, segundo Aristóteles, é preciso estar admirado com algo. Basta isso, não há Filosofia sem curiosidade, sem admiração; do contrário, se estamos acostumados com algo e não pensamos sobre ele, não há Filosofia. Olhe para sua própria vida e perceba que quando você tinha menos idade, mas você se admirava com as coisas e mais queria saber porque eram daquela forma, como funcionavam. Porém, na medida que você cresceu e acostumou-se com as coisas, deixando de se admirar com elas, deixou também de lado a atitude filosófica.

Filósofos são aqueles que jamais perdem a admiração sobre os grandes ou pequenos segredos do mundo, que passam a vida toda sem deixar se acostumar com as coisas. E mais: quando procuramos uma explicação sobre algo encontramo-nos “ignorantes”, descobrimos que não sabemos e que sempre há algo a descobrir. A Filosofia é, sem dúvida nenhuma, uma aventura.
b) As perguntas básicas da filosofia.

O que é?
Como é?
Por que é?
1) O que?

O que a coisa ou a ideia, ou o valor é?
2) Como?
Como a coisa, ou o valor, ou a ideia é?
3) Por que?
Por que a coisa, a ideia, ou o valor existe?

Essas questões se referem à nossa capacidade de conhecer, a capacidade de pensar.  A filosofia torna-se o pensamento interrogando-se a si mesmo.

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🔍 Publicação: Uikisearch
Referências:Artigo – Jair Alves

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