De
maneira inevitável, em qualquer trabalho o ser humano precisa interagir com
seus semelhantes, sejam familiares ou amigos de trabalho.
No caso de Moisés,
quando recebe esse conselho do sogro Jetro (Êx 18.15), que observou a sua
constante relação com seus liderados detectou que a saúde emocional do genro
poderia ser abalada.
Quando este contato é harmonioso,
contributivo e natural gera-se contentamento e evolução. Quando ele é
desordenado pode dar início ao nascimento de limitações para o desenvolvimento
das atividades provocando “obstáculos” nos alvos a alcançar. As condutas do
cidadão no ambiente profissional às vezes tornam-se tão informais que as
ampliações éticas e profissionais ficam sobrecarregadas e por fim os indivíduos
começam a ficar vulneráveis a níveis altos de estresse e esgotamento emocional,
distanciando das relações interpessoais e abatimento do sentimento de
realização pessoal. Profissionais cujas áreas de atuação exigem relacionamento interpessoal
consistente podem aumentar estados patológicos como a síndrome do pânico e a
síndrome de Burnout, também popular como síndrome da
exaustão emocional.
A principal especialidade da Síndrome de
Burnout, segundo Varella, “é a situação de conflito emocional e estresse
crônicos incitado por condições de afazeres físicos, emocionais e psicológicas
desgastantes”, sobretudo no ambiente de trabalho que se encontra o profissional
do ensino. Perrenoud (1993) qualifica como uma “missão dificílima”, pois está
sempre entre aquelas que se relacionam com pessoas de diferentes culturas,
religiões e etnias, e, por esta razão, o triunfo da iniciativa educacional
nunca estará garantido, pois em tal ofício consecutivamente poderá originar
variações, imprecisões, desordens, opacidades e organismos de defesa.
O atual estudo harmoniza o resultado
alcançado por meio de investigação cuja finalidade é identificar o fato da
Síndrome de Burnout em líderes que ignoram o conselho de Jetro. Analisar a
ocorrência da Síndrome de Burnout em membros que ocupam liderança na Igreja,
principalmente nas classes de Escola Dominical, isso representa uma assistência
para o desenvolvimento do tema.
Percebe-se que a partir da ciência de
suas causas, sintomas e práticas esses professores podem procurar meios para
evitá-la.
Identificando a Síndrome de Burnout
De acordo com Bontempo (1999), o
surgimento da Burnout é atribuído a causas pessoais, institucionais e
características dos pacientes. Nessa abordagem, as causas pessoais se devem a
“aspirações nobres e elevado idealismo inicial, falta de critério para avaliar
seus desejos, sobrecarga auto imposta e alguns traços da personalidade” e, em
relação às causas institucionais, a “sobrecarga de trabalho, falta de autonomia
e de apoio institucional, ambiguidade, falta de apoio, feedback e colegas de
trabalho” (BONTEMPO, apud MALAGRIS, 2004, p. 201). Quanto à terceira causa,
reporta-se ao indivíduo que já foi acometido pela síndrome e, por diversos
motivos, não apresenta melhora.
Maslach e Leiter (1999) afirmam que o
ambiente de trabalho e como este ambiente se organiza é o responsável, em grande
parte, pelo desgaste sofrido atualmente pelos trabalhadores e que, apesar de
todo esse desgaste, as empresas se eximem de responsabilidades, direcionando o
problema tão-somente ao próprio trabalhador.
O estudo da arte concebido por Malagris
(2004) apreendeu que o aumento da síndrome de Burnout, de acordo cornos
autores: Bontempo (1999) e Benevides-Pereira (2002), apresenta três aspectos
principais: exaustão emocional, despersonalização e redução da realização
pessoal e profissional. A exaustão emocional é assinalada por total esgotamento
da energia física e mental, aparece quando o profissional tem um excessivo
envolvimento emocional com o trabalho, é sobrecarregado de afazeres e sente-se
deprimido.
O sujeito, nessa situação, tem o
sentimento de que está no limite das suas possibilidades e se imagina incapaz
de recuperação. Torna-se intransigente, irritável, nada generoso, indolente, de
comportamento rígido. Começa então a querer se isolar das relações humanas.
Mantém- se indiferente. Ainda nessa abordagem, caso ocorra esse distanciamento
emocional, o líder chega à despersonalização, momento em que o vínculo afetivo
é substituído por um mais racional e o líder passa a não ver o outro como ser
humano.
Malagris (2004) enfatiza que o modo
cordial de trabalhar que esse líder tinha no início da missão é trocado, nesse
estado, por um modo depressivo. A autora entende que a atitude fria em relação
ao outro, o distanciamento emocional e, muitas vezes, “a atitude cínica”, estão
associados à despersonalização, podem levar o líder a sentimento de culpa e
angústia, experimentando, então, um desapontamento a prática profissional e
pessoal. Verifica-se baixa autoestima, senso de fracasso profissional.
Entretanto, a autora adverte que, embora
nem todos os lideres nessas mesmas condições desenvolvam a Síndrome de Burnout,
esses sentimentos podem levar a um desejo de abandono da igreja, pois o líder,
frustrado e decepcionado, nele não encontra sentido na função que desempenha.
O Síndrome de Burnout apresenta 12
estágios
De acordo com informações obtidas no site
“saúde experts”, a Síndrome de Burnout apresenta 12
estágios:
1 - Necessidade de se afirmar ou provar ser sempre capaz;
2 - Dedicação intensificada - Com
predominância da necessidade de fazer tudo sozinho e a qualquer hora do dia
(imediatismo);
3 -
Descaso com as necessidades pessoais - Comer, dormir, sair com os amigos começam a perder o
sentido;
4 -
Recalque de conflitos - O portador
percebe que algo não vai bem, mas não enfrenta o problema. É quando ocorrem as
manifestações físicas;
5 -
Reinterpretação dos valores - Isolamento, fuga dos conflitos. O que antes tinha
valor sofre desvalorização: lazer, casa, amigos, e a única medida da autoestima
é o trabalho;
6 -
Negação de problemas - Nessa fase os outros são completamente desvalorizados,
tidos como incapazes ou com desempenho abaixo do seu. Os contatos sociais são
repelidos, cinismo e agressão são os sinais mais evidentes;
7 -
Recolhimento e aversão a reuniões (anti-socialização);
8 -
Mudanças evidentes de comportamento (dificuldade de aceitar certas brincadeiras com bom
senso e bom humor);
9 -
Despersonalização (evitar
o diálogo e priorizar e-mails, mensagens, recados, etc.);
10 -
Vazio interior e
sensação de que tudo é complicado, difícil e desgastante;
11 -
Depressão - Marcas
de indiferença, desesperança, exaustão. A vida perde o sentido;
12 -
A síndrome do esgotamento profissional propriamente dita, que corresponde ao colapso físico
e mental. Esse estágio é considerado de emergência e a ajuda médica e
psicológica uma urgência, (www.saudeexperts.com.br).
Estresse: a origem da Síndrome de Burnout
Para entender o estresse no trabalho
(líder) deve-se primeiro compreender as diferentes concepções envolvidas no
processo que leva até ele e originando assim a Síndrome de Burnout.
A fim de que seja percebido o estresse é
necessário atentar-se aos casos estressores que deflagram as reações de
adaptação. Para Lipp (2005), o estresse pode apresentar três sentidos básicos e
que a autora afirma ser uma reação do organismo que acontece quando aparece a
necessidade de grande adaptação a um evento ou situação de importância em que
esses fatores podem ter um sentido negativo ou positivo.
A autora evidencia as seguintes
considerações sobre o estresse:
1 -
ESTRESSE POSITIVO, sendo
aquele que acontece na fase inicial, a do alerta. O organismo produz adrenalina
que dá ânimo, potência e energia fazendo o indivíduo produzir mais e ser mais
criativo. Ele pode passar por momentos em que dormir e descansar passa a não
ter tanto valor. É a etapa da produtividade. Ninguém consegue ficar em alerta
por muito tempo, pois o estresse se toma demasiado quando dura demais.
2 -
ESTRESSE IDEAL acontece
quando o indivíduo aprende o manejo do estresse e gerencia a fase do alerta de
modo eficiente, alternando entre estar em alerta e sair do alerta. Para quem
aprende a fazer isso, o “céu é o limite”. O organismo precisa entrar em
homeostase após uma permanência em alerta para que se restaure (LIPP, 2005, p.
67).
Após a recuperação, não há dano em entrar
de novo em alerta. Se não há etapa de recuperação, doenças começam a ocorrer,
pois o organismo se esgota e o estresse aumenta muito.
3 - ESTRESSE NEGATIVO é o estresse em
exagero. Sucede quando a pessoa extrapola limites e exaure a capacidade de
adaptação. O organismo fica destituído de nutrientes e fica reduzindo energia
mental. Produtividade e capacidade de trabalho tornam-se muito prejudicadas. A
qualidade de vida sofre danos. Em seguida a pessoa pode ficar doente. Lipp
(2005) ainda afirma que o estresse pode ser excessivo porque o evento estressor
é forte demais ou porque se prolonga em excesso.
Muitas podem ser as causas ou as fontes
causadoras de estresse. De acordo com Lipp (1984), o estresse pode ser
ocasionado de fontes externas e internas. As fontes internas estão conexas com
a maneira de ser do indivíduo, tipo de personalidade e seu modo típico de
reagir à vida. Muitas vezes, não é o acontecimento em si que pode ser
estressante, mas a forma como é decodificado pela pessoa.
Por outro lado, os estressores externos
podem estar ligados com as cobranças do dia-a-dia da pessoa como os problemas
de trabalho, familiares, sociais, morte ou doenças de um filho, perda de uma
posição na empresa, não concessão de um objetivo de trabalho, perda de dinheiro
ou problemas econômicos, notícias atemorizantes, assaltos e violências das
grandes cidades, etc.
Considerações finais
Este estudo evidenciou que, embora a
qualidade de vida do líder que ocupa alguma função na Igreja tenha sofrido
modificações substanciais, foi relevante estudá-la para compreensão dos fatos
que reúne o contexto profissional do trabalho do líder. E, também, para não se
fazer um julgamento sem fundamento teórico/cientifico sobre a Síndrome de
Burnout na Igreja.
Do mesmo modo, as incoerências existentes
podem estar na origem da exposição aos fatores de risco para a possibilidade da
síndrome se instalar dentro dessas categorias de líderes que ensinam na igreja.
Recordando que este texto é de uso
informativo apenas e não deve substituir o diagnóstico concretizado por médico
psiquiatra ou psicoterapeuta de preferência de cada educador questionado.
AS
PRINCIPAIS FORMAS DE PREVENIR A SÍNDROME DE BURNOUT SÃO:
1)
Defina
pequenos
objetivos na vida profissional e pessoal.
2)
Participe
de
atividades de lazer com amigos e familiares.
3)
Faça
atividades
que "fujam" à rotina diária, como passear, comer em restaurante ou ir
ao cinema.
4)
Evite
o
contato com pessoas "negativas", especialmente aquelas que reclamam
do trabalho ou dos outros.
5)
Converse
com
alguém de confiança sobre o que se está sentindo.
6)
Faça
atividades
físicas regulares. Pode ser academia, caminhada, corrida, bicicleta, remo,
natação etc.
7)
Evite
consumo
de bebidas alcoólicas, tabaco ou outras drogas, porque só vai piorar a confusão
mental.
8)
Não
se
automedique nem tome remédios sem prescrição médica.