Ser político é algo inerente à condição do ser humano

🎯 A vida social no seu todo, ou em cada um dos seus grupos ou instituições componentes, é uma vida política.

Já afirmava Aristóteles ser o homem um animal político. Ser político é algo inerente à condição do ser humano. Política significava, originalmente, o conhecimento, a participação, a defesa e a gestão dos negócios da polis (cidade-estado na Grécia). A vida social no seu todo, ou em cada um dos seus grupos ou instituições componentes, é uma vidapolítica. Impossível a existência sem autoridades, normas, sanções, mecanismos de participação, formas de decisão. Vê-se o político pelo ângulo do poder inerente ao social. Abstraindo-se o conceito de poder, o social daria lugar ao caótico.

1. O poder político.

O poder político (soberano e monopolizador da coercibilidade) se manifesta contemporaneamente na instituição estatal. Todo homem é cidadão de um Estado, sujeito de deveres e direitos. Todo homem (incluindo-se o cristão) é sócio, do nascimento até a morte, de um organismo político. Apenas o apátrida não se vincula a um Estado, mas com documentos da organização internacional (a ONU) se insere politicamente, como residente temporário ou permanente, na vida do Estado que o recebe. O apolítico é um personagem de ficção.

2. O termo “apolítico”.

O termo apolítico pode ser traduzido como apartidário, não- engajado, alienado. Ser apolítico não é deixar de tomar posição. Ser apolítico já é uma posição em si — uma opção para fora, uma opção pelo não ser, uma opção pela omissão. A omissão é um voto permanente e reiterado em favor ou contrário a medidas, governantes, partidos ou regimes. O voto por omissão é tão responsável, tão culpado, quanto o voto consciente. Com exceção do alienado mental, do indígena (que vive a política da tribo) e de alguns rurícolas (cultural e especialmente isolado), o apolítico (alienado político) é consciente e deliberado em sua opção pela omissão, sendo, por conseguinte, corresponsável pelos resultados para os quais concorre com sua postura.

O ser apolítico é um escapismo, uma fuga, uma irresponsabilidade com sonora roupagem pseudo-inteligente. É uma racionalização, uma elaboração de desculpa para o indesculpável, revestida, no caso do cristão, de uma embalagem espiritual, uma "espiritualização" do pecado. A ignorância, o medo, o preconceito, o egoísmo e a não autenticidade seriam causas de tão lastimável e danosa escolha. Fuga da responsabilidade como cristão e como cidadão. Fuga da maturidade e do comportamento adulto. O apolítico não tem como deixar de ser político, só que o é pessimamente.

3. Não há lugar mais político do que uma igreja.

Não há lugar mais político do que uma igreja. O que são os sistemas episcopal, presbiteriano e congregacional senão formas eclesiásticas de governo? O que fazemos quando elegemos um pastor ou excluímos um membro? Onde encontraríamos tão representadas as fraquezas humanas, o orgulho e a inveja, a luta pelo poder, as "queimações" e os conchavos, as tendências e os partidos (de Paulo, de Apoio...)?

4. O político e o eleitoral.

Um problema, cremos, é a confusão que se faz entre o político e o eleitoral. O eleitoral é apenas uma das dimensões do político e não esgota em si uma realidade muito mais abrangente. Quando se fala em política se pensa logo em eleições, comícios, cabos eleitorais, vereadores, deputados. Quem integra o processo eleitoral faz política, mas nem todo que faz política está à frente do processo eleitoral. Ministérios, secretarias, cargos de confiança os mais importantes, se exercem à margem ou a posteriori desse processo. Que dizer dos países onde não há eleições: seriam Estados sem políticos? Sem política? Se o político não pode ser confundido com o eleitoral, não deve, semelhantemente, ser identificado com politicagem, forma eticamente corrompida, dado negativo, condenável, da realidade política. Porque existe feijão podre não vamos deixar de comer feijão, julgando todos os grãos podres...

5. A qual classe política você pertence?

📝 Politicamente, podemos classificar as pessoas em:

👉a) alienadas: desconhecem os dados mais elementares, não compreendem os porquês dos processos, evitam participar, não conseguem dar significado a seus atos na polis;

👉b) conscientizadas: formam a opinião pública consciente, se interessam, procuram se manter informados, fazem opções conscientes, procuram influir;

👉c) engajadas: uma parcela dos conscientizados que procura conduzir os acontecimentos, por vias eleitorais ou não eleitorais, formais ou informais, pacíficas ou violentas; do presidente da República a um barbeiro que atua como agente conscientizado, formador de opinião, passando pelos líderes sindicais, estudantis, partidários etc., e os chamados grupos de pressão.

Um país politicamente desenvolvido tem uma parcela diminuta de sua população alienada, um percentual majoritário de conscientizados e um número significativo de engajados, que representam os diversos segmentos do povo, e dispõe de canais estáveis de acesso e participação. Situação atípica é a do país em guerra civil, em que o número de engajados chega a superar os meros conscientizados, acarretando transtornos à vida econômica do país. Os Estados politicamente subdesenvolvidos possuem uma larga base de pirâmide social constituída de alienados, uma faixa intermediária limitada de conscientizados e uma minoria privilegiada de engajados, representando apenas alguns setores da população. Conscientizar, participar, reivindicar, fiscalizar, sugerir, estabilizando os canais legais, de modo pacífico e decidido, dentro de um pluralismo de posições mutuamente respeitáveis, é contribuir para o desenvolvimento político de um país.

Ser conscientizado é dever de todo cidadão. Somente as minorias privilegiadas, que monopolizam o exercício do poder, é que não estão interessadas nesse processo, antes preferindo a apatia e a ignorância que tanto as beneficia. Ressaltamos a necessidade de evitarmos uma conscientização unilateral (uma só fonte), pois um amadurecimento político pressupõe uma absorção seletiva, um acesso a dados e opiniões de diversas tendências e procedências.

Sendo a atividade política algo necessário, válido e digno, os cristãos, esclarecidos, devem se fazer presentes, interessados em gerir alguma coisa pública (res publica), não só para assegurar os seus direitos e cumprir seus deveres (e os de sua família, de sua igreja, de sua categoria profissional etc.), mas também para permear a sociedade de valores que redundem em uma maior benefício para todos e cada um. É o que a Bíblia nos ensina e o que a história atesta.

Referências:CAVALCANTI, Robinson. CRISTIANISMO E POLÍTICA; Teoria Bíblica e Prática Histórica. Viçosa : Ultimato, 2002.

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