As Armas do Crente na Batalha Espiritual

“A Igreja está em contínua batalha contra o reino das trevas, contra Satanás e seus correligionários, os demônios. No último capítulo de Efésios, versículos 10,11 e 12, o apóstolo Paulo aborda a natureza da batalha espiritual, enfatizando que só em Cristo é possível combater os poderes demoníacos e ter vitória”.[1]

1. Definindo a Batalha Espiritual.

O pastor Esequias Soares, apologista e comentarista de Lições Bíblicas CPAD[2], nos apresenta a seguinte definição de “Batalha Espiritual”.
A batalha espiritual consiste na oposição dos cristãos às forças malignas pela pregação do evangelho, pela oração e pelo poder da Palavra de Deus. Essa peleja vai continuar até a vinda de Jesus”.[3]

Soares observa que “no Novo Testamento, o exemplo mais conhecido é a tentação de Jesus no deserto registrada nos evangelhos sinóticos (Mt 4.1-11; Mc 1.12,13; Lc 4.1-13). Situação dessa natureza aparece com certa frequência nos evangelhos (Mt 12.22; 17.19, 21). O apóstolo Pedro teve de enfrentar Simão, o mágico em Samaria (At 8.9-24), e da mesma forma o apóstolo Paulo enfrentou várias vezes essas hostes malignas (At 13.8-11; 16.16-22; 19.11-19). Paulo fala sobre a existência de um mundo espiritual da maldade sob o domínio do príncipe das trevas” (Ef 2.2; 6.10-12).

a) O Mundo Espiritual é real.
De acordo com Efésios 6.10-17, existe um mundo espiritual e invisível habitado por seres malignos que conspiram contra Deus e contra os seres humanos. Paulo fala sobre a existência de um mundo espiritual da maldade sob o domínio do príncipe das trevas (Ef 2.2; 6.10-12).
O ensino apostólico nos exorta a combater essas forças demoníacas pelo poder que o Senhor Jesus conferiu aos crentes (Mc 16.17, 18; Lc 10.17-19) com oração e uma vida de santidade. Esse conjunto de fatores é chamado de batalha espiritual. Trata-se de uma realidade bíblica e manifestada na vida da Igreja ao longo dos séculos.

b) Como os crentes podem garantir a vitória contra os inimigos Rm 12.21; 1 Jo 4.4; 5.4; Ap 12.10,11; 21.7)?

O cristão pode vivenciar essa vitória prometida tendo em mente os mesmos quatro fatores fundamentais que qualquer futuro vitorioso deveria, no campo de batalha espiritual e no físico.
Ø    Ele deve conhecer a própria fraqueza.
Ø    Ele deve conhecer a própria força.
Ø    Ele deve conhecer a fraqueza dos inimigos.
Ø    Ele deve conhecer a força dos inimigos.
Ø    Superestimar ou subestimar qualquer uma dessas quatro áreas pode ser realmente fatal! Em uma de Suas parábolas, nosso Senhor alerta-nos exatamente quanto a isso (Lc 14.28-32).

2. Quem são os inimigos do Crente na Batalha?
Quem são os inimigos da Igreja de Jesus? Como eles estão organizados?
O Apóstolo Paulo esclarece: “[...] contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais (Ef 6.12 – ACF)”.

A Batalha é contra forças demoníacas, contra batalhões de anjos caídos, contra espíritos maus que têm imenso poder. Embora não possamos vê-los, estamos cercados constantemente por seres espirituais malignos. Mesmo sendo verdade que não podem habitar num crente verdadeiro, eles podem oprimi-lo e molestá-lo.

2.1. O local da batalha.
“[...] nos lugares celestiais(Ef 6.12 – ACF)”.
O campo de batalha espiritual não se limita a alguma área geográfica e terrena, mas abrange todo e qualquer lugar onde o reino de Deus esteja. Onde estiver um crente fiel, ali se tornará um campo de batalha. Como a batalha é espiritual, resta ao crente lutar com as armas espirituais contra poderes espirituais.

O uso dos termos “principados”, “potestades”, “domínios” e “poderes” (Cl 1.16; Ef 6.12), servem para descrever a hierarquia no mundo espiritual de ambos os lados: o bom e o mau.

2.2. O Chefe dos nossos Inimigos.
Satanás é o nome do chefe dos demônios. (Jó 1.6; Zc 3.1; Mt 4.10; Lc 10.18). Cristo reconheceu e ensinou a existência de Satanás (Mt 13.39; Lc 10.18 e 11.18).

O império do mal sobre o qual Satanás reina (Mt 12.26) é altamente organizado e exerce autoridade sobre as regiões do mundo inferior, os anjos caídos (Mt 25.41; Ap 12.7), os homens perdidos (Mt 4. 8,9; Jo 12.31; Ef 2.2) e o mundo em geral (Lc 4.5,6; 2 Co 4.4; ver 1 Jo 5.19).

2.3. Príncipes das trevas.
Príncipes - do hebraico “sar”, significa líder, comandante, que dita regras, que tem responsabilidade sobre os outros. Este é o termo que designa o príncipe da Pérsia (Dn 10.13).

O termo “príncipes” no grego bíblico é “Kosmokrátor. O uso plural revela que muitos desses dominadores ou príncipes estão sob comando de Satanás. O principal príncipe dos poderes das trevas é Satanás que detém o controle de todas as camadas sociais na rebelião mundial contra a autoridade do único e verdadeiro Deus (2 Co 4.4; Jo 12.3). Somente o supremo poder de Cristo, que venceu todas essas forças na cruz, pode nos dar a vitória plena e eterna (Cl 2.15).

O termo grego mais usado para “príncipe” é archon, que aparece 37 vezes no Novo Testamento, traduzido também como “governador” humano. É usado para se referir a Belzebu, “príncipe dos demônios” (Mt 12.24); para Satanás como “príncipe deste mundo” (Jo 12.31; 14.30; 16.11); e, ainda, ao “príncipe das potestades do ar” (Ef 2.2).

Há quem pense que “Belzebu” é um dos príncipes subordinados a Satanás (Mt 12.24,27). Já outros afirma que Belzebu é apenas um dos nomes do Diabo.

Não devemos jamais subestimar o poder do diabo. Não é por acaso que ele é comparado com um leão e com um dragão! O Livro de Jó mostra o que ele pode fazer com o corpo, o lar, as riquezas e os amigos de uma pessoa.

2.4. Principados.
O Novo Testamento aplica o termo “principado”, do grego, arché. Na hierarquia do reino das trevas, os principados são os que ocupam posição mais elevada. O termo quer dizer “primeiro ou primeiros”. Esses seres têm um poder próprio e sabem governar, reger e, dado a isso, provavelmente, cobiçaram, juntamente com Lúcifer, um governo superior.
          
Por “principados” devem-se entender espíritos (anjos) que exercem autoridade sobre os outros que executam suas tarefas nas diferentes áreas de ação.

2.5. Potestades.
Potestades e autoridades - do grego “exousia”. Seres que gozam do privilégio de tomar decisões. São a coroa de um exército.

Um exemplo é o anjo que Davi presenciou, disposto a castigar Israel (1 Cr 21.16). O fato de lermos: “Porque aos seus anjos dará ordem a teu respeito, para te guardarem em todos os teus caminhos” (SI 91.11), não significa que os anjos estão esperando o tempo todo ordens de Deus para agir. Assim como os homens, eles são dotados de inteligência e de vontade. Claro que os anjos de Deus estão devidamente ajustados à Sua soberana vontade, para saberem o que fazer; porém, as categorias angelicais superiores parecem dispor de certa autonomia de ação.

2.6. Hostes espirituais da maldade.     
Hostes espirituais do mal– pode compreender todos os poderosos espíritos malignos, ou se referir às vastas hostes de demônios de categoria inferior que servem aos propósitos iníquos de Satanás para a destruição geral, e para manter os homens em escravidão. Esses demônios têm o poder de produzir possessão, assenhorando-se de vidas as quais possuem.

A organização hierárquica atua dentro de um princípio de autoridade indiscutível não apenas entre os anjos bons, mas também entre os decaídos[4].

2.7. Poderes - assim também alguns são chamados. A palavra grega para designá-los é “dynamis” (Ef 1.21; 2.2). Esses têm poder para realizar milagres e conceder riquezas, daí a razão de os que compõem o exército de Satanás também realizarem milagres.

Deus nos instrui sobre o inimigo não apenas em Efésios 6, mas ao longo de toda a Bíblia, de modo que não há motivos para sermos pegos de surpresa. Portanto fiquemos em alerta!
Sejam sóbrios e vigilantes. O inimigo de vocês, o diabo, anda em derredor, como leão que ruge procurando alguém para devorar” (1 Pe 5.8 -NAA).

3. As Armas do Crente para Batalhar (Ef 6.14-18).

3.1. O Cinto da verdade
“[...] tendo cingidos os vossos lombos com a verdade...”
ü    Mas o que é a verdade?
A verdade é Jesus Cristo (Jo 14.6), é por isso que, nós cristãos, somos os portadores da verdade.

Satanás é um mentiroso (Jo 8.44), mas o cristão cuja vida é controlada pela verdade o derrotará. A menos que pratiquemos a verdade, não temos autoridade contra os demônios, no uso da Palavra da verdade.

Alerta bíblico:
Não mintam uns aos outros, uma vez que vocês se despiram da
velha natureza com as suas práticas” (Cl 3.9 –NAA).
3.2. A couraça da justiça
a) Utilidade
Proteger alguns dos órgãos vitais do corpo. Essa parte da armadura, feita de chapas de metal ou correntes, cobria o corpo, do pescoço à cintura, na frente e atrás.

b) Significado
A couraça da justiça se refere à retidão de caráter e conduta.
c) A importância dos justos diante de Deus
Os olhos do SENHOR repousam sobre os justos, e os seus ouvidos estão abertos ao seu clamor” (Sl 34.15 – NAA).

3.3. As sandálias do evangelho
a) Utilidade
Os soldados romanos usavam sandálias com cravos na sola para dar mais apoio aos pés durante a batalha.

b) Significados
ü    Prontidão para a batalha, para permanecer inabalável contra o inimigo.
ü    Prontidão para anunciar o evangelho (Mt 28.19,20; Mc 15; At 1.8).

TOME NOTA
Se alguém insistir em lutar com as próprias forças, tombará no campo de batalha (2 Tm 2.4,5). A vitória contra o mal somente é possível por meio do fortalecimento do poder de Deus, resistência ao pecado, oração e vigilância constante.

3.4. O escudo da Fé
O escudo do soldado romano, normalmente, medindo cerca de 1,20m de altura por 60 a 80 centímetros de largura, era feito de madeira e revestido de couro resistente.

a) Utilidade
O soldado o segurava diante de si para protegê-lo de lanças, flechas e "dardos inflamados".

b) A importância do escudo para o crente
A fé é uma arma defensiva que nos protege dos dardos inflamados de Satanás.

Alerta bíblica:
Segurando sempre o escudo da fé, com o qual poderão apagar todos os dardos inflamados do Maligno” (Ef 6.16 – NAA).

“[...] sem fé é impossível agradar a Deus, porque é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe e que recompensa os que o buscam” (Hb 11.6 – NAA).

3.5. O capacete da salvação
a) Utilidade
O capacete protege a mente dos ataques dos inimigos (Ef 6.12). Satanás deseja atacar nossa mente, e foi assim que derrotou Eva (Gn 3; 2 Co 11:1-3).

b) O significado
O capacete da salvação refere-se à mente controlada por Deus.
3.6. A espada do Espírito
a) Utilidade
A espada é a arma ofensiva que Deus nos dá. O soldado romano usava embainhada em seu cinto uma espada curta para combates corpo a corpo. Palavra de Deus é comparada com uma espada, pois é afiada e capaz de penetrar o ser interior da mesma forma como a espada material trespassa o corpo (Hb 4.12).

Uma espada física perfura o corpo, mas a Palavra de Deus perfura o coração. Quanto mais você usa uma espada física, mais cega ela fica; mas usar a Palavra de Deus apenas a torna mais afiada em nossa vida. Uma espada física exige a mão de um soldado, mas a espada do Espírito tem poder próprio, pois é viva, e eficaz (Hb 4.12). O Espírito escreveu a Palavra, e o Espírito empunha a Palavra quando a tomamos pela fé e a colocamos em uso. Uma espada física fere para causar dano e matar, mas a espada do Espírito fere para curar e dar vida.

3.7. A sétima arma do soldado – a oração (Ef 6.18)
Não é possível entrar em combate sem a cobertura da oração (Lc 21.36). A oração não é somente uma outra arma; é parte do próprio conflito. Deixar de orar é equivalente a render-se ao inimigo.[5]

 Por: Ev. Jair Alves

[1] Pr. Esequias Soares
[2]CPAD – Casa Publicadora das Assembleias de Deus
[3]SOARES, Esequias/ SOARES, Daniele. Batalha Espiritual - O POVO DE DEUS E A GUERRA CONTRA AS POTESTADES DO MAL. 1ª edição/2018 - CPAD
[4] Decaídos - Os anjos foram criados perfeitos e sem pecado, e, como o homem, dotados de livre escolha. Sob a direção de Satanás, muitos pecaram e foram lançados fora do céu (João 8.44; 2 Pe 2.4; Jd 6).
[5] Comentário Bíblico Pentecostal - CPAD

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