
A Igreja Católica na Idade Média

No
início do século 20, apesar da presença marcante de imigrantes europeus de
origem protestante e do valoroso trabalho de missionários de igrejas
evangélicas tradicionais dos Estados Unidos, nosso país era ainda quase que
totalmente católico romano. Foi só com o advento do Movimento Pentecostal que
aconteceu uma explosão de crescimento do Evangelho no Brasil. O avanço da
evangelização do nosso país se deve, sem dúvida, ao pentecostalismo, e
especialmente a sua vertente mais tradicional, a Assembleia de Deus.
A
origem das Assembleias de Deus no Brasil está intimamente ligada ao
reavivamento espiritual que varreu o mundo no início do século 20, encetado na
América do Norte, e que teve como seu maior expoente o Avivamento da Rua Azusa.
Azusa
e o Evangelho no Brasil
Quando
os missionários Gunnar Adolf Vingren e Daniel Hõgberg fundaram a
primeira igreja Pentecostal no Brasil em 18 de junho de 1911, denominaram-na
Missão da Fé Apostólica. A escolha do nome foi inspirada no Avivamento de
Azusa, sob a liderança do pastor afro-americano William J. Seymour.
🎯 O nome do jornal de Azusa era Apostolic
Faith
(Fé Apostólica), que acabou dando nome àquela abençoada igreja de Los Angeles,
que passou a se chamar Missão da Fé Apostólica. A igreja, bem como seu
periódico, muito conhecidos por Vingren e Berg, eram tão populares por pregar a
restauração para os nossos dias da manifestação do Espírito conforme os tempos
apostólicos, que quando Bennet Freeman Lawrence escreveu a primeira história do
Movimento Pentecostal em 1916, não pensou duas vezes em dar à sua obra o nome
de The Apostolic Faith Restored.
O
avivamento na Rua Azusa era famoso em todo o mundo. Não era à toa que os
jornais seculares da época chamavam aquele lugar de “O endereço mundial do
Movimento Pentecostal”. Apesar de terem sido incendiados pela chama pentecostal
em Chicago, foi em Azusa que Berg e Vingren naturalmente se inspiraram ao
escolherem o nome da igreja que fundavam no Brasil.
Entretanto,
sete anos depois, Gunnar Vingren e Daniel Berg, agora acompanhados dos
missionários Otto Nelson e Samuel Nystrõm, acharam por bem mudar o nome da
igreja de Missão da Fé Apostólica para Assembleia de Deus. Por que essa
mudança? A inspiração também veio dos Estados Unidos.
Quando
o Movimento Pentecostal se espalhou pelos Estados Unidos, a primeira reação das
igrejas evangélicas tradicionais, assustadas com aquilo que lhes era novo, foi
excluir os crentes que abraçavam a mensagem pentecostal. Foi assim que, de 1901
a 1914, surgiram em profusão, em todos os cantos dos EUA, denominações
pentecostais com os nomes mais variados. Porém, em 1914, os líderes dessas
jovens e fervorosas igrejas resolveram unir-se. Foi assim que, em 2 de abril
daquele ano, em um ato histórico, a maioria esmagadora das denominações
pentecostais norte-americanas se fundiu fundando uma única igreja, denominada
Assembleia de Deus. Esse encontro, realizado de 2 a 12 de abril, reuniu cerca
de 300 ministros pentecostais e delegados de todos os EUA, e foi conhecido como
o primeiro Concílio Geral das Assembleias de Deus.
A
primeira resolução do Concílio Geral, proferida pelo seu líder, o ex-pastor
batista do Texas, E. N. Bell (que foi presidente do Concílio até 1925, quando
faleceu), objetivava deixar clara a posição dos pentecostais em relação à
ortodoxia bíblica: “Essas Assembleias opõem-se a toda Alta Crítica radical da
Bíblia, a todo o modernismo, a toda a incredulidade na igreja e à filiação a
ela de pessoas não-salvas, cheias de pecado e de mundanismo; e acreditam em
todas as verdades bíblicas genuínas sustentadas por todas as igrejas
verdadeiramente evangélicas”.
Quando
os missionários suecos no Brasil souberam do ocorrido, acharam por bem admitir
o mesmo nome para a igreja pentecostal brasileira, como uma demonstração de
sintonia com os irmãos pentecostais norte-americanos, já que, oficialmente, o
Movimento Pentecostal nascera nos Estados Unidos, espalhando-se rapidamente por
todo o mundo.
🕛 Daniel Berg e
Gunnar Vingren chegaram a Belém do Pará em 19 de novembro de 1910, ninguém
poderia imaginar que aqueles dois jovens suecos estavam para iniciar um
movimento que alteraria profundamente o perfil religioso e até social do Brasil
por meio da pregação de Jesus Cristo como o único e suficiente Salvador da
Humanidade, do Batismo no Espírito Santo como uma bênção subsequente à Salvação
e da atualidade dos dons espirituais.
Em
poucas décadas, a Assembleia de Deus, a partir de Belém do Pará, onde nasceu,
começou a penetrar em todas as vilas e cidades até alcançar os grandes centros
urbanos como São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Porto Alegre. Em
virtude de seu fenomenal crescimento, os pentecostais começaram a fazer
diferença no cenário religioso brasileiro. De repente, o clero católico
despertou para uma possibilidade jamais imaginada: o Brasil poderia vir a
tornar-se, no futuro, uma nação protestante.
Hoje,
estima-se que os evangélicos no Brasil sejam quase 20% da população brasileira,
mais de 30 milhões de pessoas, sendo praticamente metade deles assembleianos.
Isso faz da Assembleia de Deus no Brasil o maior Movimento Pentecostal do
mundo.
Principais
ondas do pentecostalismo
Desde
a chegada do Movimento Pentecostal no Brasil, três ondas já se passaram. A
Primeira Onda foi de 1910 a 1950, quando a Assembleia de Deus e a Congregação
Crista do Brasil (CCB) eram as únicas igrejas de caráter pentecostal no país.
Esta última, porém, anos depois de sua fundação, passou a manifestar crenças
que fazem com que hoje muitos evangélicos não a considerem evangélica, mas,
sim, uma seita.
Antes
de apresentar essas peculiaridades, Gunnar Vingren foi amigo de Luigi
Francescon, fundador da CCB. Antes de vir ao Brasil, Francescon pertencia à
comunidade italiana em Los Angeles, tendo recebido o batismo no Espírito Santo
em um trabalho fruto do Avivamento de Azusa.
A
Segunda Onda foi de 1950 a 1975 e foi marcada pelas cruzadas de evangelismo e
cura divina. A inspiração veio dos EUA. Ali, nesse período, grandes nomes
surgiram com ministérios de cura divina, tais como William Branham, que começou
bem-sucedido ministério em 1946, mas terminou mal, pois começou a ensinar
heresias em meados dos anos 50. Faleceu em 1965. Hoje existe uma seita em torno
de seu nome - Tabernáculo da Fé. Outros nomes foram os então pastores
assembleianos T. L. Osbom e Oral Roberts. Ambos começaram seus ministérios em
1947. Kathleen Kulman foi outro grande nome. Em 1949, o pastor batista Billy
Graham começa suas famosas cruzadas, mas nelas não há orações por cura divina.
No Brasil, influenciados por esses
movimentos, nasceram movimentos evangelísticos itinerantes, que se tornaram
igrejas.
🎯 Depois surgiram o Brasil para
Cristo, fundado em 1955 pelo ex-diácono assembleiano Manoel de Melo;
🎯 a Igreja de Nova Vida, fundada
no Rio de Janeiro por um descendente de pioneiros do Avivamento de Azusa;
🎯 a Igreja Deus é Amor, fundada
pelo ex-assembleiano Davi Miranda;
🎯 e Casa da Bênção (1964) e
🎯 Sinais e Prodígios (1970). Todos
esses movimentos começaram como cruzadas de cura divina e exorcismo.
As primeiras grandes cruzadas evangelísticas
Nessa época, também surgem as primeiras grandes cruzadas evangelísticas nas Assembleias de Deus e o movimento de renovação nas igrejas tradicionais: Convenção Batista Nacional (1965), com Enéas Tognini, e Igreja Presbiteriana Renovada (1975). Até o Movimento Católico Carismático surge nessa época (1967).
A Terceira Onda, o neopentecostalismo
A
Terceira Onda, que também é chamada de neopentecostalismo, começou no final dos
anos 70 e perdura até hoje, influenciando muitas igrejas. Seus grandes
expoentes são as comunidades evangélicas e as igrejas Universal do Reino de
Deus (1977), saída da Igreja de Nova Vida; Igreja Internacional da Graça
(1980), dissidente da Universal; e Igreja Renascer em Cristo (1986). Além
destas, há dezenas de outras, surgidas nos anos 90 e início deste século.
Fonte: Jornal Mensageiro da paz, junho de 2006
| Divulgação: www.cristaoalerta.com.br
É
bom entender que a Reforma foi, em todos os aspectos, dirigida pelo Espírito
Santo. Isso podemos provar pela escolha do homem que será o protagonista
principal desse acontecimento.
🎯 Matinho Lutero
(1483-154.6)
Matinho
Lutero (1483-154.6) era filho de um mineiro e tinha uma boa formação. Esse
homem sofreu uma crise existencial, diversos acontecimentos, como a morte do
seu grande amigo e por ter escapado de um raio, o que o levou a uma grande
crise consigo mesmo. Ele procura encontrar a paz para a sua alma, razão pela
qual começa lendo obras como a de Bernardo. Aplicou a si mesmo as pesadas
regras de jejuns e orações, e logo foi buscar refúgio espiritual no Mosteiro
Agostiniano, em 1520.
Lutero
era um católico fiel, fazia tudo que a Igreja determinava, porém, a resposta
que queria para a sua indagação, como encontrar um Deus gracioso? Continuava de
modo pertinaz. Em crise consigo mesmo, com o seu coração, e sem encontrar
resposta para sua pergunta, esse homem buscou ajuda nos seus superiores, nos
sacramentos da Igreja, e entendia que tudo o que fazia tinha um fim em si
mesmo; podemos dizer que esse homem estava como Paulo, em uma total crise
existencial (Rm 7.4).
Nem
os sacramentos, nem seus superiores, nem a Igreja puderam dar a Lutero a
resposta que buscava: Como encontrar um Deus gracioso?
Na
verdade, parece uma pergunta simples, mas veja, Lutero já era um sacerdote e
teólogo desde 1512, mas por que então ele não pôde, com suas reflexões
teológicas encontrar a resposta? Porque conteúdos de livros ou qualquer outro
estudo não podem revelar profundamente as verdades divinas; destarte, as coisas
espirituais só se discernem espiritualmente (1 Co 2.14).
Jesus
chamou Pedro de bem-aventurado porque recebeu capacitação divina para dizer que
Ele era O Cristo, note que essa revelação não partiu da mente do apóstolo
Pedro, nem de seus argumentos lógicos, mas diretamente de Deus (Mt 16.17).
Em
se tratando de Lutero,
a compreensão que ele vai ter sobre a justificação vem diretamente do Espírito
Santo. Não temos dúvidas de que essa crise que Lutero sofreu foi algo
providencial de Deus, pois caso ele vivesse no comodismo, como outros do seu
tempo viviam, jamais iria levantar-se contra um poder tão forte da época.
No
que tange ao elemento espiritual, esse incômodo por querer saber sobre o Deus
gracioso, levou Lutero a ir direito às páginas do Evangelho. Lecionando na
Universidade de Wittenberg: Salmos, Gálatas, Romanos, Hebreus, o Espírito Santo
conduziu esse homem à resposta tão desejada, pois foi nas lenitivas páginas
dessas cartas que ele encontrou o Deus tão gracioso, mas não somente isso,
também sobre a obra maravilhosa da salvação que mitigou toda a sua crise
espiritual.
🎯 Lendo Romanos
1.17,
logo Lutero pôde entender como é que Deus revela sua justiça, e que ela não era
algo para ser temida. Lutero ficou maravilhado com esse assunto introduzido por
Paulo, por isso o aplicou ao seu estudo e logo chegou à essência da questão: A
justiça de Deus revelada no Evangelho é aquela justiça que Deus nos dá em
Cristo.
Entendendo
O que é realmente a justiça de Deus, e que a graça é a capacitação para se
viver a vida cristã, então Lutero tomou-se realmente um convertido, um homem
pronto para alçar a sua voz a favor da justiça presente no Evangelho. Sem que
isso acontecesse em sua vida, Lutero seria não mais que um sacerdote apenas
cheio de teorias, concepções, coadunando-se com o sistema da época, aderindo às
confortáveis vantagens religiosas.
Somente
homens espirituais, ou seja, transformados de fato pelo Evangelho é que podem
se levantar contra aquilo que contraria o Evangelho de Cristo. Paulo agiu
contra o judaísmo porque sabia que seu sistema era falido, mas se manifestou
favorável ao Evangelho por saber que Ele era o poder de Deus para a salvação
dos pecadores (Rm 1.6).
Lutero
não era nenhum um líder desordeiro, ele não buscou uma reforma porque tivesse
uma nova visão espiritual ou desgosto com a Igreja porque não conquistara
alguma posição. Na verdade, a reforma que ele estava propondo é que todos se
voltassem para o Evangelho, pois nele estava escrito que só a justiça que vem
de Deus é que pode salvar (Rm 5.1).
Ao
perceber o desvio do Evangelho, quando alguns estavam ensinando que uma alma
deixaria de sofrer no purgatório caso comprasse uma indulgência, que era a
remissão das penas ou o perdão, Lutero bateu de frente, pois sabia de fato o
que estava por trás de tudo, não somente a busca pelo perdão, mas era um
projeto que tinha como objetivo pagar a dívida do Arcebispo e financiar a construção
da basílica de São Pedro, e para tal fim estavam usando meios comprometedores,
contrariando o Evangelho de Jesus Cristo.
A
revolta de Lutero contra a venda de indulgência era enérgica, pois ele não
suportava ouvir João Tetzel, caminhando pelas ruas da Alemanha a dizer: “No
momento em que uma moeda bater no fundo da caixa, a alma solta-se do
purgatório”. Obviamente estava claro, para fins particulares, financeiros, a
verdade do Evangelho tinha sido adulterada pela Igreja, pois Lutero entendia
que o perdão dos pecados é somente através da justiça que vem de Cristo Jesus,
a qual é de graça e pela fé (Ef 2.8.9).
A
proposta de Lutero para a Reforma não partiu de uma decisão vinda do Papa, nem
de orientações ou estudos dados por um Concílio. Antes, sua autoridade para
iniciar uma reforma na igreja vem da Bíblia Sagrada, ela é superior à voz de
quem quer que seja, pois a Igreja deve ser dirigida por Ela.
💡 O ponto central
da reforma proposta por Lutero está no Evangelho, pois nele consta a
mensagem de salvação que o pecador precisa: a justificação pela fé. Lutero
desejava tão somente que a Igreja voltasse à doutrina certa, mas isso não
aconteceu, pois de imediato a Igreja o condenou e ele foi excomungado, e o
imperador Carlos V o condenou.
Enquanto
Lutero estava propondo uma reforma que não foi aceita, não demorou para que a
Igreja Ocidental se separasse. Nela a Palavra de Deus não tem vez, então a
divisão é certa. Podemos dizer que outros homens tentaram fazer essa reforma,
mas coube a Lutero esse privilégio da parte de Deus.
Portanto,
celebremos a Deus por ter levantado um homem que foi tocado pelo Evangelho a
fim de mostrar que a salvação não é por obras, mas, sim, pela fé em Cristo. A
reforma de Lutero não tinha nada a ver com divisão de igreja, busca por cargo,
poder, dinheiro, mas somente com a questão doutrinária. Quando alguém tenta
fazer reforma sem a ação do Espírito Santo o estrago é grande, mas quando tudo
é dirigido por Ele, então as coisas dão certo, por isso sempre é bom lembrar o
que disse o profeta Zacarias: “Não por força nem por violência, mas pelo meu
Espírito, diz o Senhor dos Exércitos” (Zc 4.6).
Referência: GOMES,
Osiel. O Espírito Santo e a Reforma. Jornal Mensageiro da Paz, setembro de
2018.
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Daniel Berg, com a esposa Sara Berg e filhos. |