Lições Bíblicas Adultos - 3°Trimestre
2025 - CPAD
Revista: A IGREJA EM JERUSALÉM: Doutrina, Comunhão e Fé – Base
para o Crescimento da Igreja
Comentarista: Pr. José
Gonçalves
TEXTO
ÁUREO
“Na
verdade, pareceu bem ao Espírito Santo e a nós não vos impor mais encargo
algum, senão estas coisas necessárias.” (At
15.28)
VERDADE
PRÁTICA
Em
sua essência, a Igreja é tanto um organismo quanto uma organização e, como tal,
precisa seguir princípios e regras para funcionar plenamente.
LEITURA
DIÁRIA
Segunda
- 1 Co 12.12
A
igreja local como um organismo vivo
Terça
- Tt 1.5
A
igreja como organização
Quarta
- At 14.23
Estabelecendo
líderes
Quinta
- At 15.28
Dando
voz à igreja
Sexta
- At 15.30,31
A
necessidade de possuir parâmetros
Sábado
- 1 Co 14.40
Tudo
com decência e ordem
LEITURA
BÍBLICA EM CLASSE
Atos
15.22-32
19
- Chegada, pois, a tarde daquele dia, o primeiro da semana, e cerradas as
portas onde os discípulos, com medo dos 22- Então, pareceu bem aos apóstolos e
aos anciãos, com toda a igreja, eleger varões dentre eles e enviá-los com Paulo
e Barnabé a Antioquia, a saber: Judas, chamado Barsabás, e Silas, varões
distintos entre os irmãos.
23-
E por intermédio deles escreveram o seguinte: Os apóstolos, e os anciãos, e os
irmãos, aos irmãos dentre os gentios que estão em Antioquia, Síria e Cilícia,
saúde.
24-
Porquanto ouvimos que alguns que saíram dentre nós vos perturbaram com palavras
e transtornaram a vossa alma (não lhes tendo nós dado mandamento),
25-
pareceu-nos bem, reunidos concordemente, eleger alguns varões e enviá-los com
os nossos amados Barnabé e Paulo,
26-
homens que já expuseram a vida pelo nome de nosso Senhor Jesus Cristo.
27-
Enviamos, portanto, Judas e Silas, os quais de boca vos anunciarão também o
mesmo.
28-
Na verdade, pareceu bem ao Espírito Santo e a nós não vos impor mais encargo
algum, senão estas coisas necessárias:
29-
Que vos abstenhais das coisas sacrificadas aos ídolos, e do sangue, e da carne
sufocada, e da fornicação; destas coisas fareis bem se vos guardardes. Bem vos
vá.
30-
Tendo-se eles, então, despedido, partiram para Antioquia e, ajuntando a
multidão, entregaram a carta.
31-
E, quando a leram, alegraram-se pela exortação.
32-
Depois, Judas e Silas, que também eram profetas, exortaram e confirmaram os
irmãos com muitas palavras.
Hinos
Sugeridos: 144, 162, 167 da Harpa Cristã
INTRODUÇÃO
Com
esta lição, terminamos mais um trimestre de estudos sobre a igreja de
Jerusalém. Aqui veremos como a igreja agiu para resolver seus conflitos de
natureza doutrinária. Um grupo composto por fariseus convertidos à fé insistia
que os gentios convertidos deveriam guardar a Lei, especialmente o rito da
circuncisão. No entendimento dos apóstolos, se isso fosse exigido, a salvação
deixaria de ser totalmente pela graça, o que era inaceitável. Devido à dimensão
da questão e à sua importância para o futuro da Igreja, os líderes se reuniram
em Jerusalém para buscar uma solução para o problema. Lucas deixa claro que a
decisão tomada pela Igreja naquele momento foi guiada pelo Espírito Santo. É
isso que veremos agora.
PALAVRA-CHAVE: Assembleia
I – A QUESTÃO DOUTRINÁRIA
1.
O relatório missionário.
A
questão doutrinária que se tornou objeto de discussão no Concílio de Jerusalém,
abordada no capítulo 15 de Atos dos Apóstolos, teve seu início na igreja de
Antioquia. Ela começou quando Paulo e Barnabé apresentaram à igreja de
Antioquia um relatório sobre a Primeira Viagem Missionária que haviam
realizado. Nesse relatório, os missionários narraram o que Deus havia feito
entre os gentios e como estes aceitaram a fé (At 14.27). O relatório deixa
implícito que a salvação dos gentios ocorreu inteiramente pela graça de Deus,
sem que nenhuma exigência da Lei, como a circuncisão, fosse imposta a eles.
Tanto Paulo quanto Barnabé viam a ação de Deus — manifestada por meio de
milagres extraordinários entre os gentios — como um sinal de sua aprovação,
demonstrando que nenhuma outra exigência, além da fé em Jesus, era necessária
para a salvação. Em outras palavras, a salvação é um dom de Deus, concedido
inteiramente por sua graça.
2.
O legalismo judaizante.
Lucas
mostra que um grupo de judaizantes se sentiu incomodado com o relatório dos
missionários (At 15.1). Esse grupo, composto por fariseus supostamente
convertidos à fé, que haviam vindo de Jerusalém para Antioquia, se opôs ao
ingresso de gentios na Igreja sem que estes, antes, cumprissem as exigências da
Lei. Houve, portanto, um confronto entre esse grupo judaizante e os
missionários Paulo e Barnabé. A questão tomou grandes proporções, correndo o
risco até mesmo de dividir a igreja em Antioquia, o que exigia uma resposta
rápida por parte da liderança. Contudo, por se tratar de um tema complexo e de
amplo alcance, a igreja de Antioquia considerou adequado remeter a questão para
Jerusalém, a igreja-mãe, onde o assunto seria analisado e amplamente discutido
pelos apóstolos e presbíteros (At 15.2).
SINÓPSE I
A exigência da circuncisão aos gentios
gerou um sério questionamento sobre a natureza da salvação em Cristo.
AMPLIANDO O CONHECIMENTO
“PARECEU BEM AO ESPÍRITO SANTO.
O Espírito Santo dirigiu aqueles que participaram do concílio de
Jerusalém a tomarem as decisões certas. Jesus prometeu que o Espírito os
guiaria em toda a verdade (Jo 16.13). As decisões da igreja não devem ser
tomadas apenas pelos seres humanos. Os líderes devem buscar e aceitar a direção
do Espírito através da oração, do jejum e da devoção à Palavra de Deus até que
possam discernir claramente a sua vontade (cf.13.2-4). A igreja, se quiser ser
verdadeiramente leal a Cristo, deve ouvir o que o Espírito lhe diz (cf. Ap
2.7).” Amplie mais o seu conhecimento, lendo a Bíblia de Estudo Pentecostal
Edição Global, edita pela CPAD, p.1973.
II – O DEBATE DOUTRINÁRIO
1.
Uma questão crucial.
A
questão gentílica chegou a Jerusalém para ser tratada. Contudo, judaizantes,
que ali se encontravam, deixaram claro que a igreja deveria circuncidar os
gentios convertidos e ordenar que eles “guardassem a lei de Moisés” (At 15.5).
No entendimento desse grupo, sem a observância da lei, ninguém podia se salvar.
Pedro é o primeiro a ver a gravidade da questão e percebe que ela não pode ser
tratada de forma subjetiva. A questão deveria ser tratada com a objetividade
que o caso exigia, e a experiência da salvação dos gentios em Cesareia,
ocorrida anos antes, deveria servir de parâmetro (At 10.1-46). Pedro, então,
evoca a experiência pentecostal gentílica como prova da aceitação deles por
Deus: “E Deus, que conhece os corações, lhes deu testemunho, dando-lhes o
Espírito Santo, assim como também a nós” (At 15.8).
2.
A experiência do Pentecostes na fé dos gentios.
O
derramamento do Espírito sobre os gentios, anos antes, em Cesareia, na casa de
Cornélio (At 10), havia sido uma experiência objetiva, física e observável por
todos os presentes ali (At 10.44-46; At 2.4). Pedro espera que seu argumento
seja aceito da mesma forma que fora aceito, anos antes, pelos judeus que haviam
questionado a salvação dos gentios de Cesareia. Convém lembrar que esse mesmo
argumento de Pedro já havia sido usado pelo apóstolo Paulo por ocasião de seu
debate com os crentes da Galácia. Da mesma forma, ali, Paulo deixou claro que o
recebimento do Espírito era um fato observável e que todos, portanto, tinham
consciência de que o haviam recebido (Gl 3.5).
3.
A fundamentação profética da fé gentílica.
Enquanto
Pedro recorreu à experiência do Pentecostes como sinal de validação da fé
gentílica. Por outro lado, Tiago, o irmão do Senhor Jesus, recorre às profecias
para fundamentar sua defesa da aceitação dos gentios na Igreja. Para ele, a
inclusão dos gentios na igreja estava predita nos profetas: “E com isto
concordam as palavras dos profetas” (At 15.15). A aceitação dos gentios na
Igreja não era uma inovação sem respaldo nas Escrituras. Pelo contrário, Deus
já havia mostrado aos antigos profetas que os gentios também fariam parte de
seu povo. Esse era um favor divino, fruto de sua graça, e que nada mais
precisava ser acrescentado.
SINÓPSE II
Os apóstolos usaram experiências
espirituais e fundamentos proféticos para afirmar a aceitação dos gentios por
Deus.
AUXÍLIO BÍBLICO-TEOLÓGICO
“A LEI E A GRAÇA.
Quando judaizantes queriam sobrecarregar os gentios com o
sistema mosaico, Pedro protestou (At 15.10). Poderia ter mencionado a
libertação de muitos gentios dos tremendos fardos impostos pelos sacerdotes
pagãos. E que não deveriam ser submetidos de novo a sistemas de exigências para
‘merecerem a salvação’. [...] Há ocasiões em que pregar a Lei é necessário,
para levar os ouvintes à convicção de pecados. Porém, antes de tudo, o
Evangelho é o oferecimento da livre graça de Deus.
O Evangelho não aceita o conceito de um Deus sem misericórdia.
Um Deus que exige rituais, flagelações e boas obras mediante as quais seja
gracioso para conosco. Não. Deus já revela sua natureza de graça e
misericórdia. E quer nos justificar, de tal modo que sirvamos a Ele sem medo de
perder a salvação. A Lei diz: ‘Faça isso, e viverá’. O Evangelho diz: ‘Receba a
vida, e faça’. A Lei diz: ‘Pague!’ O Evangelho diz: ‘Está pago!’” (PEARLMAN,
Myer. Atos: Estudo do Livro de Atos e o Crescimento da Igreja Primitiva. Rio de
Janeiro: CPAD, 2023, pp.171-72).
III – A DECISÃO DA ASSEMBLEIA DE
JERUSALÉM
1.
O Espírito na Assembleia.
É
digno de nota o papel atribuído ao Espírito Santo na tomada de decisões da
Igreja: “[...]pareceu bem ao Espírito Santo e a nós” (At 15.28). O Espírito
Santo não era apenas visto como uma doutrina na Igreja, mas como uma pessoa com
participação ativa nela. Esse texto faz um paralelo com Atos 5.32, onde também
se destaca a participação ativa do Espírito Santo na vida da Igreja: “E nós
somos testemunhas acerca destas palavras, nós e o Espírito Santo, que Deus deu
àqueles que lhe obedecem” (v.32).
2.
A orientação do Espírito na Assembleia.
O
texto de Atos 15.28 não nos diz como era feita a orientação do Espírito na
primeira Igreja; contudo, a observação feita por Lucas, de que Judas e Silas
“eram profetas” (At 15.32) e que eles fizeram parte da comissão que levou a
carta com a decisão tomada pela Assembleia, indica que o Espírito Santo se
manifestava na Igreja por meio de seus dons (Cf. At 13.1-4). Isso explica por
que as coisas funcionavam na primeira Igreja. Esse era o padrão da Igreja
Primitiva e deve ser também o padrão na Igreja de hoje.
3.
O parecer final da Assembleia.
Depois
dos intensos debates, o parecer da Assembleia foi de que os gentios deveriam se
abster “das coisas sacrificadas aos ídolos, do sangue, da carne sufocada e da
fornicação” (At 15.29). Fica óbvio que a Igreja procurou resolver a questão
mantendo-se rigorosamente fiel à doutrina da salvação pela graça, isto é, sem
os elementos do legalismo judaico, mas evitando os extremos de rejeitar os
irmãos judeus que também compartilhavam da mesma fé. O legalismo deveria ser
rejeitado, os crentes judeus, não. Assim, ficou demonstrado que os gentios eram
salvos pela graça, mas deveriam impor alguns limites à sua liberdade cristã, a
fim de que o convívio com seus irmãos judeus não fosse conflituoso.
SINÓPSE III
Guiada pelo Espírito Santo, a Igreja
decidiu preservar a graça e promover a comunhão entre judeus e gentios
convertidos.
AUXÍLIO BÍBLICO-TEOLÓGICO
“A
LIBERDADE CRISTÃ.
Agostinho, grande estudioso da igreja antiga, disse certa vez:
‘Ame a Deus e faça o que quiser’. À primeira vista, esta declaração parece um
pouco arriscada. Mas pensando bem, quem ama a Deus não vai querer desagradá-lo
mediante a desobediência à sua Palavra. Aquele que verdadeiramente ama a Deus
está livre da Lei e vive sob sua graça. Sua nova natureza espiritual não
desejará fazer nada contrário à vontade revelada de Deus. Existem leis civis
hoje em dia para punir mães que tratam com crueldade aos seus filhos. Há,
porém, milhares de mães que desconhecem tais leis e tratam seus filhos com
bondade. Explicação: Já têm a lei do amor maternal escrita nas suas
consciências. Quem foi transformado pela graça tem a lei de Deus escrita no seu
coração (Jr 31.33). E, com grande alegria, faz aquilo que é certo” (PEARLMAN,
Myer. Atos: Estudo do Livro de Atos e o Crescimento da Igreja Primitiva. Rio de
Janeiro: CPAD, 2023, p.172).
CONCLUSÃO
A
Igreja sempre será desafiada a enfrentar os problemas que surgem em seu meio.
No capítulo 6 de Atos, vimos como ela resolveu um conflito de natureza social,
provocado por reclamações de crentes helenistas (hebreus de fala grega). Aqui,
o problema foi de natureza doutrinária: uma questão melindrosa que requeria
muita habilidade por parte da liderança para ser resolvida. Graças ao parecer
de uma liderança sábia e orientada pelo Espírito Santo, a Igreja tomou a
decisão certa. A unidade da Igreja foi preservada e Deus foi glorificado.
REVISANDO
O CONTEÚDO
1.
Como a questão doutrinária da salvação dos gentios se tornou objeto de
discussão do Concílio de Jerusalém?
Começou
quando Paulo e Barnabé apresentaram à Igreja de Antioquia um relatório sobre a
primeira viagem missionária.
2.
O que Lucas mostra a respeito de um grupo de judaizantes?
Lucas
mostra que esse grupo, formado por fariseus convertidos, insistia que os
gentios só poderiam ser salvos se guardassem a Lei, especialmente a
circuncisão, promovendo confusão e divisão na Igreja.
3.
O que Pedro evoca como prova da aceitação dos gentios por Deus?
Pedro
evoca a experiência pentecostal gentílica como prova da aceitação deles por
Deus (At 15.8).
4.
A que o apóstolo Tiago recorre para fundamentar a defesa da aceitação dos
gentios na Igreja?
Tiago
recorre às profecias para fundamentar sua defesa da aceitação dos gentios na
Igreja. Para Tiago, a inclusão dos gentios na igreja estava predita nos
profetas (At 15.15).
5.
Qual foi o parecer da Assembleia de Jerusalém?
O
parecer da Assembleia foi de que os gentios deveriam se abster “das coisas sacrificadas
aos ídolos, do sangue, da carne sufocada e da fornicação” (At 15.29).