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Nicholas Winton |
Viagens
costumam revelar surpresas, mas dificilmente o jovem inglês Nicholas Winton, de
29 anos, estivesse preparado para o que sucederia em Praga por ocasião de sua
estada, em companhia de um amigo, no ano de 1939.
O clima de medo que tomava a Tchecoslováquia anunciava bem o início da guerra que se deflagaria naquele mesmo ano, em primeiro de setembro. Causou-lhe especial constrangimento a situação dos judeus locais e a certeza de que algo de terrível viria a acontecer. Winton idealizou mandar para fora da Europa o máximo de crianças que conseguisse. Decidido, escreveu cartas endereçadas a vários países, relatando os fatos e solicitando abrigo para os menores. Infelizmente, apenas a Inglaterra e a Suécia responderam, o que levou à elaboração de uma lista contendo a relação das famílias, abrigos e orfanatos dispostos a socorrer os pequeninos judeus.
O clima de medo que tomava a Tchecoslováquia anunciava bem o início da guerra que se deflagaria naquele mesmo ano, em primeiro de setembro. Causou-lhe especial constrangimento a situação dos judeus locais e a certeza de que algo de terrível viria a acontecer. Winton idealizou mandar para fora da Europa o máximo de crianças que conseguisse. Decidido, escreveu cartas endereçadas a vários países, relatando os fatos e solicitando abrigo para os menores. Infelizmente, apenas a Inglaterra e a Suécia responderam, o que levou à elaboração de uma lista contendo a relação das famílias, abrigos e orfanatos dispostos a socorrer os pequeninos judeus.
Existe um raro filme em que m jovem é
mostrado numa estação de trem do Reino Unido recebendo uma grande leva de
crianças. O inglês sorri enquanto sustenta no colo um de seus recém-chegados
passageiros. Ao todo, a iniciativa salvou 669 crianças. Teriam sido mais, não
fora a interceptação de um último trem, partindo de Praga, pelas tropas
nazistas.
A composição transportava 250 crianças que não tiveram a chance de sobreviver. É preciso lembrar que as limitações da força de trabalho infantil faziam com que aos pequenos se reservasse a morte sumária ou o uso em experiências médicas justificadamente chamadas de monstruosas, das quais poucas ‘cobaias humanas1 escaparam. A rápida ação do jovem inglês a partir do impacto sofrido em sua viagem permitiram o livramento de centenas de crianças. Algumas delas lembram a despedida de seus pais e algumas relatam o sentimento presente em seus corações de que nunca mais tornariam a vê-los. De fato, suas famílias foram assassinadas.
A composição transportava 250 crianças que não tiveram a chance de sobreviver. É preciso lembrar que as limitações da força de trabalho infantil faziam com que aos pequenos se reservasse a morte sumária ou o uso em experiências médicas justificadamente chamadas de monstruosas, das quais poucas ‘cobaias humanas1 escaparam. A rápida ação do jovem inglês a partir do impacto sofrido em sua viagem permitiram o livramento de centenas de crianças. Algumas delas lembram a despedida de seus pais e algumas relatam o sentimento presente em seus corações de que nunca mais tornariam a vê-los. De fato, suas famílias foram assassinadas.
Os feitos de Nicholas Winton (1909-2015)
teriam ficado no esquecimento, não fosse o achado de sua esposa durante uma
limpeza no porão da casa. Ali, num velho baú, encontrou fotos, bem organizadas
listas contendo os nomes de crianças e das famílias e instituições que as
abrigaram, além de documentos e anotações. Somente naquela ocasião, em 1988, a
senhora Winton tomou conhecimento do passado de seu discreto marido. As
informações foram transmitidas à imprensa e tornadas públicas em um programa de
televisão (BBC That's Life!) a que se pode ter acesso pela internet.
A maneira como a jornalista relatou a história emocionou a todos. Na plateia estavam presentes não apenas o herói e sua esposa, mas vários sobreviventes, postos de pé quando a apresentadora perguntou: “Quem, na plateia, teve a vida salva por Nicholas Winton, fique de pé, por favor”. Lágrimas, aplausos e a gratidão expressa por todos compuserem uma justa homenagem ao salvador de tantas vidas. Hoje, eles são engenheiros, biólogos, construtores, jornalistas, mães, avós, com a característica de terem se tornado adultos generosos e dados a ações voluntárias de cooperação. Muitos deles adotaram crianças em situação de abandono ou risco.
A maneira como a jornalista relatou a história emocionou a todos. Na plateia estavam presentes não apenas o herói e sua esposa, mas vários sobreviventes, postos de pé quando a apresentadora perguntou: “Quem, na plateia, teve a vida salva por Nicholas Winton, fique de pé, por favor”. Lágrimas, aplausos e a gratidão expressa por todos compuserem uma justa homenagem ao salvador de tantas vidas. Hoje, eles são engenheiros, biólogos, construtores, jornalistas, mães, avós, com a característica de terem se tornado adultos generosos e dados a ações voluntárias de cooperação. Muitos deles adotaram crianças em situação de abandono ou risco.
Em 2002, Nicholas Winton foi sagrado
cavaleiro pela rainha Elizabeth 2ª. Foi homenageado pelo governo Tcheco, recebeu
agradecimento formal dos Estados Unidos e é amado em Israel. Morreu aos 106
anos, sendo conhecido como o Schindler Britânico. O repórter Geneton Moraes
Neto teve a oportunidade de entrevistá-lo para a televisão brasileira e
perguntou-lhe sobre sua importante missão. Winton negou a alcunha de herói,
pois, segundo ele, nada fez de perigoso e tudo o que ainda desejava na vida era
cuidar. Mas a expressão que melhor resumiu seu caráter foi: “Se algo não é
obviamente impossível, então deve haver uma maneira de fazê-lo”. Winton era um
cristão pentecostal e filho de judeus alemães.
Partindo do exemplo de Winton, precisamos
crer na possibilidade de colocar a salvo crianças judias dadas à morte
constante e diariamente em Israel. Alguns estimam em 100 perdas diárias, o que
alcançaria um total de mais de 36 mil crianças por ano. Outras pesquisas
alcançam o espantoso número de 60 mil crianças. Se tomarmos uma ‘média’ de 50
mil mortes anuais, em poucas décadas chagaríamos ao total de 1 milhão e 500 mil
perdas, mesmo número de vítimas infantis do Holocausto. Assim, em 30 anos,
Israel pode equiparar-se numericamente (se já não o fez) ao feito de seus
algozes contra sua própria existência - e isso através da prática de abortos.
Em 1977, o Parlamento israelense legalizou
o aborto no país e, desde então, milhares de bebês são mortos todos os anos. As
normas relativas ao aborto foram depois modificadas durante o biênio 2013/2014.
Hoje, são reconhecidas cinco razões pelas quais uma mulher pode abortar: em
primeiro lugar, se tiver menos de 20 ou mais de 40 anos; em segundo lugar, se a
gravidez é fruto de incesto, ato consensual ou não com menor de idade (abaixo
de 18 anos) ou filho de mulher que não possua vínculo matrimonial; em terceiro
lugar, considera-se válido o aborto de “naciturnos não viáveis”
(portadores de deficiências graves); em quarto lugar, é possível o aborto
quando há risco de vida para a mulher; em quinto e último lugar, de acordo com
um acréscimo à lei, permite-se o aborto em mulheres que estejam prestando o
serviço militar, caso em que até dois abortos são pagos pelo governo durante o
tempo do recrutamento. Todo o aborto precisa ser aprovado por um comitê de três
membros, composto por um gineco-obstetra, outro gineco-obstetra, psiquiatra,
especialista em saúde pública ou medicina familiar e um trabalhador social. Há
41 comitês para aprovação de abortos em Israel e a grande maioria das
solicitações é aceita.
A comunidade judaica dispõe de ONGs, como
a EFRAT, fundada no mesmo ano de 1977, cujo objetivo é dar suporte a mães
decididas a abortar, oferecendo ajuda na forma de instrução, comida, bebida,
roupas, para que repensem sua decisão, uma vez que 70% dos abortos no país são
praticados, na verdade, por causas econômicas. Dessa forma, através de cooperadores
voluntários, a ONG oferece suporte, pelo prazo de dois anos, às mães e seus
bebês. O fundador da instituição reflete a lógica de que um país de
sobreviventes não pode destruir seus filhos, e lembra a conhecida expressão
ancestral: “aquele que salva uma vida salva o mundo inteiro”.
A crueza dos números revela o
distanciamento não apenas do valor da vida, mas de seu Criador. A mortandade
dos filhos de Israel não está oculta aos olhos do Eterno e algo precisa ser
mudado, algo precisa ser feito. Façamos, pois! Não é possível ignorar e não é
impossível orar, aconselhar e ensinar. Não é impossível dar suporte aqui ou lá,
a qualquer um mesmo pequenino ser humano, cuja vida esteja em risco. É sempre
possível organizar “rotas de fuga” que nos permitam ajudar e livrar nossas mãos
do sangue inocente. Olhando à volta, em nossas “viagens”, talvez nos deparemos
com o olhar angustiado de uma mulher decidindo entre a vida e a morte de seu
bebê. Pequenas iniciativas podem valer a preservação do futuro de uma nação.
Deus salve a nação de Israel!