Espiritismo, a História

1. Significado

A palavra "espiritismo" tem sua origem no vocábulo francês espiritisme. É uma doutrina filosófico-religiosa "baseada na crença da comunicação entre os vivos e os mortos" (Pequeno Dicionário da Língua Portuguesa, Celso Pedro Luft). 

Segundo o Aurélio, é uma "doutrina baseada na crença da sobrevivência da alma e da existência de comunicações, por meio da mediunidade, entre vivos e mortos, entre os espíritos encarnados e os desencarnados". Esta última definição engloba os dois aspectos básicos do espiritismo: a comunicação com os mortos e a reencarnação - doutrinas antibíblicas e anticristãs.

2. Origens

O espiritismo, enquanto tentativa de contato com os mortos, faz parte da tradição de vários povos, como os egípcios, caldeus, hindus, assírios etc. "O espiritismo que hoje se expande no Brasil e no mundo nada mais é do que a continuação da necromancia e do ocultismo praticados pelos povos antigos" (Porque Deus Condena o Espiritismo, Jefferson Magno Costa, p. 20). O movimento compreende várias tendências ou manifestações, desde a umbanda, quimbanda e demais manifestações afro-brasileiras, passando por organizações místicas e de caridade, até o espiritismo de mesa ou kardecismo - este iniciado em 1857, quando foi publicado o Livro d Espíritos, pelas mãos de Allan Kardec. Para ele, espírita ― é todo aquele que acredita nas manifestações dos espíritos (Livro dos Médiuns, p. 44).

O espiritismo é, sem dúvida, uma das heresias que mais cresce no mundo hoje. O Brasil, particularmente, detém o triste re­corde de ser o maior reduto espiritista do mundo. O seu cresci­mento se dá, em grande parte, devido ao fascínio que os seus ensi­nos exercem sobre as mentes das pessoas desprovidas do verda­deiro conhecimento, e alienadas de Deus.

Alheio à Palavra de Deus, e divorciado de toda a verdade, o espiritismo tem se constituído numa espécie de "profundezas de Satanás", pronto a tragar pessoas incautas que estão a buscar a Deus em todos os lugares e por todos os meios.


3.  RESUMO HISTÓRICO DO ESPIRITISMO

O espiritismo constitui-se no mais antigo engano religioso já surgido. Porém, em sua forma moderna como hoje é conhecido, o seu ressurgimento se deve a duas jovens norte-americanas, Margaret e Kate Fox, de Hydeville, Estado de Nova Iorque.

3.1. Estranhos Fenômenos

Em dezembro de 1847, Margaret e Kate, respectivamente de doze e dez anos, começaram a ouvir pancadas em diferentes pon­tos da casa onde moravam. A princípio julgaram que esses ruídos fossem produzidos por camundongos e ratos que infestavam a casa. Contudo, quando os lençóis começaram a ser arrancados das ca­mas por mãos invisíveis, cadeiras e mesas tiradas dos seus luga­res, e uma mão fria tocou no rosto de uma das meninas, percebeu-se que o que estava acontecendo eram fenômenos sobrenaturais. A partir daí, as meninas criaram um meio de comunicar-se com o autor dos ruídos, que respondia às perguntas com um determinado número de pancadas.

3.2. Expansão do Movimento

Partindo desse acontecimento, que recebeu ampla cobertura dos meios de comunicação da época, sessões espíritas propaga­ram-se por toda a América do Norte. Na Inglaterra, porém, a con­sulta aos mortos já era muito popular entre as camadas sociais mais elevadas. Por conseguinte, os médiuns norte-americanos en­contraram ali solo fértil onde a semente do supersticionismo espiritista haveria de ser semeada, nascer, crescer, florescer e frutificar. Na época, outros países da Europa também foram visitados com sucesso pelos espíritas norte-americanos.

Na França, a figura de Allan Kardec é a principal dos arraiais espiritistas. Léon Hippolyte Rivail (o verdadeiro nome de Allan Kardec), nascido em Lião, em 1804, filho de um advogado, tomou o pseudônimo de Allan Kardec por acreditar ser ele a reencarnação de um poeta celta com esse nome. Dizia ter recebido a missão de pregar uma nova religião, o que começou a fazer a 30 de abril de 1856. Um ano depois, publicou O Livro dos Espíritos, que muito contribuiu na propaganda espiritista. Dotado de inteligência e inigualável sagacidade, estudou toda a literatura afim disponível na Inglaterra e nos Estados Unidos, e dizia ser guiado por espíritos protetores. Notabilizou-se por introduzir no espiritismo a ideia da reencarnação. De 1861 a 1867, publicou quatro livros: Livro dos Médiuns, O Evangelho Segundo o Espiritismo, Céu e Inferno e Gênesis.

4. ESTRUTURA E DESENVOLVIMENTO

4. 1. No Brasil.

As manifestações de cunho espírita são muito antigas no país, ainda que não fossem conhecidas por esse nome a princípio. Antes do descobrimento do Brasil, os índios praticavam diversos rituais de pajelança. Depois vieram os portugueses, com sua fachada cristã, mas envolvidos com a bruxaria europeia. Finalmente, chegaram os escravos com suas tradições animistas e fetiches.

Com respeito à sua organização formal, o espiritismo -respeitando-se, é claro, as várias correntes e divisões posteriores - realizou sua primeira sessão no Brasil em Salvador. Bahia, no dia 17 de setembro de 1865. A primeira publicação se denominava Eco do Além-Túmulo, cujo lançamento se deu em 1869. Em 1° de janeiro de 1884 foi fundada a Federação Espírita Brasileira (FEB). A revista O Reformador surge como veículo principal de divulgação doutrinária. Hoje, o espiritismo tem vários núcleos no Brasil e assume várias formas, tendo espalhado suas doutrinas por um sem-número de seitas e agremiações.

4. 2. Sua força

"Brasil Ghost - País do Outro Lado da Vida". Este é o título da reportagem de capa da revista Manchete, de 30/11/1991, pp. 67-69. Veja o conteúdo: "Somos o maior país espírita do mundo. Cerca de 20 milhões de brasileiros, a maior parte vinda de outras religiões, encontraram no kardecismo a solução de seus problemas e angústias. Só na Federação Espírita do Estado de São Paulo, cerca de oito mil pessoas passam diariamente pela pequena sede de cinco andares da Rua Santo Amaro, no Bairro da Bela Vista. Ali são ministrados os mais variados cursos sobre kardecismo, além de palestras e passes para transmissão de energia".

O mais célebre médium do Brasil é Chico Xavier, que num artigo publicado pela revista Isto E/Senhor, n° 1147, de 18/9/91, pp. 32-37, é chamado de "Senhor dos Espíritos". Lançou, no dia 2 de outubro de 1991, o trigésimo quinto livro de sua carreira: Ação, Vida e Luz, amplamente elogiado: "Uma obra que, como as anteriores, só deve aumentar o seu prestígio quase lendário, que o transforma num fenômeno da fé brasileira, acima de qualquer credo religioso".

Considerando-se que Allan Kardec define como "espírita" todo aquele que crê nas manifestações dos espíritos, podem-se incluir, entre os 20 milhões de kardecistas indicados pela revista Manchete, os outros grupos religiosos que também creem nas "manifestações" dos espíritos, entre os quais destacamos: os umbandistas, quimbandistas, legionários da Boa Vontade, os adeptos da Cultura Racional e do Racionalismo Cristão. Isso posto, o número de pessoas no Brasil envolvidas com o espiritismo ascende à casa dos 70 a 80 milhões, o que pode explicar a declaração de que o Brasil é hoje "o maior país espírita do mundo".

5. DIVISÕES DO ESPIRITISMO NO BRASIL

1) O Espiritismo Kardecista, que pode ser chamado de espiritismo ortodoxo, é o que está filiado à Federação Espírita Brasileira e para o qual Allan Kardec é considerado o Mestre Divino.


O espiritismo Kardecista é a classe de espiritismo comumente praticada no Brasil, e tem, como principais, entre as suas muitas teses, as seguintes:

👉 Possibilidade de comunicação com os espíritos desencar­nados.
👉 Crença da reencarnação.
👉 Crença de que ninguém pode impedir o homem de sofrer as consequências dos seus atos.
👉 Crença na pluralidade dos mundos habitados.
👉 A caridade é virtude única, aplicada tanto aos vivos como aos mortos.
👉 Deus, embora exista, é um ser impessoal, habitando um mundo longínquo.
👉 Mais perto dos homens estão os "espíritos-guias".
👉 Jesus foi um médium e reformador judeu, nada mais que isto.

Evidentemente, o diabo é um demagogo muito versátil e maleável, capaz de muitas transformações. Aos psicólogos, ele diz: "Trago-vos uma nova ciência". Aos ocultistas, assevera: "Dou-vos a chave para os últimos segredos da criação". Aos racionalistas e teólogos modernistas, declara: "Não estou aí. Nem mesmo exis­to". Assim faz o espiritismo: muda de roupagem, como o camaleão muda de cor, de acordo com o ambiente, ainda que, na essência, continue sempre o mesmo: supersticioso, fraudulento, mau e dia­bólico.

2) A Legião da Boa Vontade. Embora não filiada à FEB. aceita a ideia de Alziro Zarur, segundo a qual ele era a reencarnação de Kardec. Não crê que Cristo tivesse corpo real e humano, seguindo a linha de pensamento de João Batista Roustaing.

3) Racionalismo Cristão.Fundado em 1910 por Luiz de Mattos. Luiz José de Mattos nasceu em Portugal, em 3/1/ 1860. E panteísta e fala de Deus como "O Grande Foco". "Inteligência Universal". Possui templos suntuosos em várias regiões de São Paulo.

4) Cultura Racional.Fundada por Manoel Jacintho Coelho em 1935, no Rio de Janeiro (Méier), mas divulgada a partir de 1970, quando alcançou fama nacional. Aceita a metempsicose (transmigração da alma até mesmo para seres inferiores).

5) Cultos Afro-Brasileiros. Destaca-se a umbanda, seita afro-brasileira divulgada mais como folclore do que religião, embora advogue esta última condição. Formada pele sincretismo de cultos africanos e ameríndios com o catolicismo europeu trazido pelos portugueses. Declara que seu objetivo é desfazer os males invocados pela quimbanda através dos exus. Evoca, diferindo do espiritismo kardecista, os orixás, seres dementais da natureza, mas também os espíritos de pretos-velhos e caboclos, estes últimos considerados espíritos de índios falecidos;

6) Círculo Esotérico da Comunhão do Pensamento. Fundado em 1909, pelo Sr. Antônio Olívio Rodrigues. Possui espalhados pelo Brasil milhares de tattwas, ou centros. Aceita a doutrina reencarnacionista.

7) Ordem Rosacruz.Com suas várias organizações, destacando-se a AMORC (Antiga e Mística Ordem Rosae Crucis). A fraternidade segue uma tradição mística egípcia. Alega ser originária do reinado de Amenhotep IV, imperador egípcio no ano 1353 a.C., mais conhecido como Akhenaton.

Semelhantemente há a fraternidade Rosacruz de Max Heindel, a FRC (Fraternidade Rosae Crucis) de Clymer, a FRA (Fraternidade Rosacruciana Antiqua) de Krumnheller (Igreja Gnóstica) e a Ordem Cabalística da Rosacruz (Igreja Expectante) do Sr. Léo Alvarez Costet de Mascheville;

8) Outros.Finalmente, poderíamos agrupar aqui as sociedades teosóficas e as seitas orientais japonesas, como Seicho-No-Iê, Igreja Messiânica Mundial, Arte Mahikari, Perfect Liberty e as seitas orientais provindas do hinduísmo, como o movimento Hare Krishna e Meditação Transcendental, entre outras, todas adeptas do reencarnacionismo.

6. SÍNTESE DA DIVISÃO DO ESPIRITISMO

4.1. Espiritismo Comum

Dentre as muitas práticas dessa classe de espiritismo, desta­cam-se as seguintes:

a.  Quiromancia - Adivinhação pelo exame das tinhas das mãos. O mesmo que "quiroscopia".

b. Cartomancia - Adivinhação pela decifração de combina­ções de cartas de jogar.

c.  Grafologia - Estudo dos elementos normais e principal­mente patológicos de uma personalidade, feito através da análise da sua escrita.

d. Hidromancia - Arte de adivinhar por meio da água.

e. Astrologia - Estudo e/ou conhecimento da influência dos astros, especialmente dos signos, no destino e no comportamento dos homens; também conhecida como "uranoscopia".

6 .2. Baixo Espiritismo

O baixo espiritismo, também conhecido como espiritismo pagão, inculto e sem disfarce, identifica-se pelas seguintes práticas:

a. Vodu - Culto de negros antilhanos, de origem animista, e que se vale de certos elementos do ritual católico. Praticado prin­cipalmente no Haiti.

b. Candomblé - Religião dos negros ioruba, na Bahia.

c. Umbanda - Designação dos cultos afro-brasileiros, que se confundem com os da macumba e dos candomblés da Bahia, xangô de Pernambuco, pajelança da Amazônia, do catimbó e outros cul­tos sincréticos.

d. Quimbanda - Ritual da macumba que se confunde com os da umbanda.

e. Macumba - Sincretismo religioso afro-brasileiro derivado do candomblé, com elementos de várias religiões africanas, de religiões indígenas brasileiras e do catolicismo.

6. 3. Espiritismo Científico

O espiritismo científico é também chamado "Alto Espiritis­mo", "Espiritismo Ortodoxo", "Espiritismo Profissional" ou "Espiritualismo". Ele se manifesta, inclusive, como "sociedade", como, por exemplo, a LBV (Legião da Boa Vontade), fundada e presidida por muitos anos pelo já falecido Alziro Zarur. Esta clas­se de espiritismo tem sido conhecida também como:

a. Ecletismo - Sistema filosófico dos que não seguem sistema algum, escolhendo de cada um a parte que lhe parece mais próxi­ma da verdade.

b. Esoterismo - Doutrina ou atitude de espírito que preco­niza que o ensinamento da verdade deve reservar-se a um nú­mero restrito de iniciados, escolhidos por sua influência ou va­lor moral.

c. Teosofismo - Conjunto de doutrinas religioso-filosóficas que têm por objetivo a união do homem com a divindade, mediante a elevação progressiva do espírito até a iluminação. Iniciado por Helena Petrovna Blavastky, mística norte-americana (1831-1891), fanática adepta do budismo e do lamaísmo.

Referências:
Rinaldi, Natanael; Romeiro, Paulo. Desmascarando as Seitas. ed. - Rio de Janeiro: Casa Publicadora das Assembleias de Deus, 1996.
OLIVEIRA, Raimundo. Seitas e Heresias: Um sinal do fim dos tempos. Casa Publicadora das Assembleias de Deus. Rio de Janeiro, RJ, Brasil 23ª edição/2002

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