A Doutrina da Cura Divina

CREMOS, professamos e ensinamos que a cura divina é um ato da soberania, graça e misericórdia divina,1 que, através do poder do Espírito Santo,2 restaura física e/ou emocionalmente aqueles que demonstram fé em Jesus Cristo.3 Deus fez o homem um ser integral, formado por uma parte material e outra imaterial.4 A parte material, o corpo, é tão importante quanto a imaterial, a alma e o espírito.5 A Bíblia mostra que a obra redentora de Cristo incluiu também o corpo: "Gememos em nós mesmos, esperando a adoção, a saber, a redenção do nosso corpo" (Rm 8.23). A vontade de Deus é, portanto, curar tanto a alma como o corpo: "É ele que perdoa todas as tuas iniquidades e sara todas as tuas enfermidades" (Sl 103.3). Faz parte da natureza divina curar os enfermos, e Deus assim o faz para demonstrar o seu poder e amor pelos afligidos.6

1. A origem da enfermidade.
As Escrituras ensinam claramente que as doenças e a morte são resultantes da entrada do pecado no mundo: “Pelo que, como por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, por isso que todos pecaram" (Rm 5.12). As doenças e enfermidades existem como consequência da Queda e da desobediência humana.7 Há doenças que são consequências de um pecado especifico;8 todavia, nem toda doença e enfermidade são decorrentes de um pecado pessoal.9 As Escrituras ensinam que existem doenças e enfermidades que são resultados da ação direta de Satanás e seus demônios,10 enquanto outras são apenas resultados de nossa condição humana pós-queda: "Não bebas mais água só, mas usa um pouco de vinho, por causa do' teu estomago e das tuas frequentes enfermidades" (1 Tm 5.23). A Bíblia ensina que Deus, na sua soberania, pode permitir a doença11 e, em situações específicas, usá-la como instrumento de correção.12
2. A cura divina na Antiga e Nova Aliança.
Deus prometeu curar o seu povo na Antiga Aliança.13 A cura fazia parte da aliança que Deus estabeleceu com seu povo Israel no Sinai: ‘‘Servireis ao Senhor, vosso Deus, e ele abençoará o vosso pão e a vossa água; e eu tirarei do meio de ti as enfermidades" (Êx 23.25). A obediência às exigências da aliança produzia cura, enquanto a não observância de seus preceitos trazia doenças.14 A lei da retribuição do pecado e suas consequências é uma realidade bem documentada na Antiga Aliança: "Eu dizia: Senhor, tem piedade de mim; sara a minha alma, porque pequei contra ti" (Sl 41.4). Todavia, nem sempre as doenças e as curas na Antiga Aliança estão condicionadas ao princípio de causa e efeito.

Como exemplo, a doença de Jó e o consequente sofrimento não ocorreram em razão de seu pecado pessoal, mas, sim, da maldade de Satanás contra ele e contra Deus.15 No Novo Testamento, as curas e os milagres de ressurreição de mortos efetuados por Jesus faziam parte da sua revelação messiânica, da demonstração da sua compaixão pelos doentes e da manifestação da vinda do Reino de Deus.16 A expressão "Reino de Deus ״ deve ser entendida como sendo o domínio de Deus.17 A vinda do Reino de Deus proveu tanto o bem-estar espiritual como o físico: "E logo se lhe secou a fonte de sangue, e sentiu no corpo estar já curada daquele mal" (Mc 5.29). Ao curar os enfermos e ressuscitar os mortos, Jesus demonstrava que o Reino de Deus havia chegado: “e enviou-os a pregar o Reino de Deus e curar os enfermos" (Lc 9.2); "e falava-lhes do Reino de Deus, e sarava os que necessitavam de cura" (Lc 9.11).

3. A cura divina e a expiação.
As Escrituras revelam que a cura divina é um dos benefícios da obra expiatória e redentora de Cristo. Ele proveu na cruz tanto a salvação da alma quanto a cura do corpo: "ele tomou sobre si as nossas enfermidades e as nossas dores levou sobre si [...] pelas suas pisaduras, fomos sarados" (Is 53.4,5). Essa palavra profética foi cumprida em Jesus,18 o qual demonstrou que a cura divina faz parte da provisão que Deus deixou para seus filhos: "Então, chegou ela e adorou-o, dizendo: Senhor, socorre-me. Ele, porém, respondendo, disse: Não é bom pegar o pão dos filhos e deitá-lo aos cachorrinhos" (Mt 15.25,26).


4. A oração pelos enfermos e a cura divina nos dias atuais.
A oração em favor dos enfermos é uma prática presente tanto no Antigo como no Novo Testamento. A primeira oração de cura registrada no Antigo Testamento é feita por Abraão: “E orou Abraão a Deus, e sarou Deus a Abimeleque, e a sua mulher, e as suas servas, de maneira que tiveram filhos” (Gn 20.17).

Moisés orou pela cura de Miriã, sua irmã: "E eis que Miriã era leprosa como a neve: e olhou Arão para Miriã, e eis que era leprosa [...] Clamou, pois, Moisés ao Senhor, dizendo: Ó Deus, rogo-te que a cures” (Nm 12.10,13).

Naamã, o siro, foi curado de sua lepra pelo ministério do profeta Eliseu.19

O Novo Testamento registra que a oração em favor dos enfermos era uma prática constante na Igreja Primitiva.20 Visando o bem-estar espiritual e físico do seu povo, Deus equipou a Igreja com os dons de curar: "e a outro, pelo mesmo Espírito, os dons de curar" (1 Co 12.9); "Está alguém entre vós doente? Chame os presbíteros da igreja, e orem sobre ele; ungindo-o com azeite em nome do Senhor, e a oração da fé salvará o doente, e o Senhor o levantará" (Tg 5.14,15).

A oração pelos enfermos não entra em conflito com o tratamento médico. O rei Ezequias foi curado de uma úlcera após ter uma pasta de figos posta sobre a sua enfermidade: "E dissera Isaías: Tomem uma pasta de figos e a ponham como emplasto sobre a chaga; e sarará" (Is 38.21). O Senhor Jesus reconheceu o valor dos médicos: "Jesus, porém, ouvindo, disse-lhes: Não necessitam de médico os sãos, mas sim, os doentes" (Mt 9.12). Paulo, o apóstolo, aconselhou Timóteo a beber vinho com fins terapêuticos 21 e tinha entre seus colaboradores um médico: "Saúda-vos Lucas, o médico amado" (Cl 4.14).

5. A unção com óleo.
A ministração da unção com óleo sobre os enfermos é uma doutrina do Novo Testamento ensinada e incentivada como prática de fé para os crentes: “Está alguém entre vós doente? Chame os presbíteros da igreja, e orem sobre ele, ungindo-o com azeite em nome do Senhor" (Tg 5.14).

A unção sobre os enfermos era um ritual comum nos tempos bíblicos do Novo Testamento. Os discípulos usavam a unção com óleo desde os dias do ministério terreno de Jesus: "e ungiam muitos enfermos com óleo, e os curavam" (Mc 6.13). A ênfase, entretanto, não está no azeite, mas, sim, na oração da fé, que salva o doente.22 A única unção estabelecida como prática na igreja foi a unção com óleo, ministrada· somente sobre os enfermos. Essa é uma prática exercida nos moldes do Novo Testamento, sendo, portanto, efetuada somente pelos que exercem a liderança da igreja. Entre nós, é praticada por presbíteros, evangelistas e pastores.

REFERÊNCIAS BÍBLICAS
1. "E aproximou-se dele um leproso, que, rogando-lhe e pondo-se de joelhos diante dele, lhe dizia:
Se queres, bem podes limpar-me. E Jesus, movido de grande compaixão, estendeu a mão, e tocou-o, e disse-lhe: Quero, sê limpo!" (Mc 1.40,41); "E Jesus, saindo, viu uma grande multidão e, possuído de íntima compaixão para com ela, curou os seus enfermos" (Mt 14.14).

2. "Como Deus ungiu a Jesus de Nazaré com o Espírito Santo e com virtude; o qual andou fazendo o bem e curando a todos os oprimidos do diabo, porque Deus era com ele" (At 10.38); "O Espírito do Senhor é sobre mim, pois que me ungiu para evangelizar os pobres, enviou-me a curar os quebrantados do coração, a apregoar liberdade aos cativos, a dar vista aos cegos, a pôr em liberdade os oprimidos, a anunciar o ano aceitável do Senhor" (Lc 4.18,19).

3. "E, pela fé no seu nome, fez o seu nome fortalecer a este que vedes e conheceis; e a fé que é por ele deu a este, na presença de todos vós, esta perfeita saúde" (At 3.16); "E estava assentado em Listra certo varão leso dos pés, coxo desde o seu nascimento, o qual nunca tinha andado. Este ouviu falar Paulo, que, fixando nele os olhos e vendo que tinha fé para ser curado, disse em voz alta: Levanta-te direito sobre teus pés. E ele saltou e andou" (At 14.8-10).

4 "E formou o Senhor Deus o homem do pó da terra e soprou em seus narizes o fôlego da vida; e o homem foi feito alma vivente" (Gn 2.7).

5 "Ou não sabeis que o nosso corpo é o templo do Espírito Santo, que habita em vós, proveniente de Deus, e que não sois de vós mesmos? Porque fostes comprados por bom preço; glorificai, pois, a Deus no vosso corpo e no vosso espírito, os quais pertencem a Deus" (1 Co 6.19,20); "E o mesmo Deus de paz vos santifique em tudo; e todo o vosso espírito, e alma, e corpo sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo" (1 Ts 5.23).

6 "E eis que estava ali uma mulher que tinha um espírito de enfermidade havia já dezoito anos; e andava curvada e não podia de modo algum endireitar-se. E, vendo-a Jesus, chamou-a a si, e disse-lhe: Mulher, estás livre da tua enfermidade. E impôs as mãos sobre ela, e logo se endireitou e glorificava a Deus" (Lc 13.11-13).

7 "E ordenou o Senhor Deus ao homem, dizendo: De toda árvore do jardim comerás livremente, mas da árvore da ciência do bem e do mal, dela não comerás; porque, no dia em que dela comeres, certamente morrerás" (Gn 2.16,17).

3 "Depois, Jesus encontrou-o no templo e disse-lhe: Eis que já estás são; não peques mais, para que te não suceda alguma coisa pior" (Jo 5.14).

9 "E, passando Jesus, viu um homem cego de nascença. E os seus discípulos lhe perguntaram, dizendo: Rabi, quem pecou, este ou seus pais, para que nascesse cego? Jesus respondeu: Nem ele pecou, nem seus pais; mas foi assim para que se manifestem nele as obras de Deus" (Jo 9.1 -3); "Então, Satanás respondeu ao Senhor e disse: Pele por pele, e tudo quanto o homem tem dará pela sua vida. Estende, porém, a tua mão, e toca-lhe nos ossos e na came, e verás se não blasfema de ti na tua face! E disse o Senhor a Satanás: Eis que ele está na tua mão; poupa, porém, a sua vida" (Jó 2.4-6).
10 "E, havendo-se eles retirado, trouxeram-lhe um homem mudo e endemoninhado. E, expulso 0 demônio, falou o mudo; e a multidão se maravilhou, dizendo: Nunca tal se viu em Israel" (Mt 9.32,33); “E não convinha soltar desta prisão, no dia de sábado, esta filha de Abraão, a qual há dezoito anos Satanás mantinha presa?" (Lc 13.16).

11 "E vós sabeis que primeiro vos anunciei o evangelho estando em fraqueza da came. E não rejeitastes, nem desprezastes isso que era uma tentação na minha carne; antes, me recebestes como um anjo de Deus, como Jesus Cristo mesmo" (Gl 4.13,14); "Erasto ficou em Corinto, e deixei Trófimo doente em Mileto" (2 Tm 4.20).

12 "Examine-se, pois, o homem a si mesmo, e assim coma deste pão, e beba deste cálice. Porque o que come e bebe indignamente come e bebe para sua própria condenação, não discernindo o corpo do Senhor. Por causa disso, há entre vós muitos fracos e doentes e muitos que dormem" (1 Co 11.28-30).

13 "E disse: Se ouvires atento a voz do Senhor, teu Deus, e fizeres 0 que é reto diante de seus olhos, e inclinares os teus ouvidos aos seus mandamentos, e guardares todos os seus estatutos, nenhuma das enfermidades porei sobre ti, que pus sobre o Egito; porque eu sou 0 Senhor, que te sara” (Êx 15.26).

14 "Será, porém, que, se não deres ouvidos à voz do Senhor, teu Deus, para não cuidares em fazer todos os seus mandamentos e os seus estatutos, que hoje te ordeno, então, sobre ti virão todas estas maldições e te alcançarão" (Dt 28.15); "O Senhor te ferirá com a tísica, e com a febre, e com a quentura, e com o ardor, e com a secura, e com destruição das sementeiras, e com ferrugem; e te perseguirão até que pereças" (Dt 28.22).

15 "E disse o Senhor a Satanás: Observaste o meu servo Jó? Porque ninguém há na terra semelhante a ele, homem sincero e reto, temente a Deus, desviando-se do mal, e que ainda retém a sua sinceridade, havendo-me tu incitado contra ele, para o consumir sem causa. Então, Satanás respondeu ao Senhor e disse: Pele por pele, e tudo quanto o homem tem dará pela sua vida. Estende, porém, a tua mão, e toca-lhe nos ossos e na carne, e verás se não blasfema de ti na tua face. E disse o Senhor a Satanás: Eis que ele está na tua mão; poupa, porém, a sua vida. Então, saiu Satanás da presença do Senhor e feriu a Jó de uma chaga maligna, desde a planta do pé até ao alto da cabeça" (Jó 2.3-7).

16 "E Jesus, respondendo, disse-lhes: Ide e anunciai a João o que estais ouvindo e vendo: os cegos veem, os coxos andam, os leprosos são purificados, os surdos ouvem, os mortos são ressuscitados, e aos pobres está sendo pregado o evangelho" (Mt 11.4,5); "Ora, levantando-se Jesus da sinagoga, entrou em casa de Simão; e a sogra de Simão estava enferma com muita febre; e rogaram-lhe por ela. E, inclinando-se para ela, repreendeu a febre, e esta a deixou. E ela, levantando-se logo, servia-os" (Lc 4.38,39).
17 "E, interrogado pelos fariseus sobre quando havia de vir o Reino de Deus, respondeu-lhes e disse:
O Reino de Deus não vem com aparência exterior. Nem dirão: Ei-lo aqui! Ou: Ei-lo ali! Porque eis que o Reino de Deus está entre vós" (Lc 17.20,21).

18 "E, chegada a tarde, trouxeram-lhe muitos endemoninhados, e ele, com a sua palavra, expulsou deles os espíritos e curou todos os que estavam enfermos, para que se cumprisse o que fora dito pelo profeta Isaías, que diz: Ele tomou sobre si as nossas enfermidades e levou as nossas doenças" (Mt 8.16,17); "levando ele mesmo em seu corpo os nossos pecados sobre o madeiro, para que, mortos para os pecados, pudéssemos viver para a justiça; e pelas suas feridas fostes sarados" (1 Pe 2.24).

15 "Então, chegaram-se a ele os seus servos, e lhe falaram, e disseram: Meu pai, se o profeta te dissera alguma grande coisa, porventura, não a farias? Quanto mais, dizendo-te ele: Lava-te e ficarás purificado. Então, desceu e mergulhou no Jordão sete vezes, conforme a palavra do homem de Deus; e a sua carne tornou, como a carne de um menino, e ficou purificado" (2 Rs 5.13,14); "E muitos leprosos havia em Israel no tempo do profeta Eliseu, e nenhum deles foi purificado, senão Naamã, o siro" (Lc 4.2 7).

20 "De sorte que transportavam os enfermos para as ruas e os punham em leitos e em camilhas, para que ao menos a sombra de Pedro, quando este passasse, cobrisse alguns deles. E até das cidades circunvizinhas concorria muita gente a Jerusalém, conduzindo enfermos e atormentados de espíritos imundos, os quais todos eram curados" (At 5.15,16).

21 "Não bebas mais água só, mas usa um pouco de vinho, por causa do teu estômago e das tuas frequentes enfermidades" (1 Tm 5.23).

22 "e a oração da fé salvará o doente, e o Senhor o levantará; e, se houver cometido pecados, ser-lhe-ão perdoados" (Tg 5.15).

Fonte: Declaração de Fé das Igrejas Assembleias de Deus no Brasil
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