
Desde seu encontro memorável
com o Senhor a caminho de Damasco (At 9.3-5; 1 Co 9.1), Paulo renunciou seu
passado como fariseu, isolou-se por um tempo e abraçou a excelência do conhecimento
de Cristo Jesus (Fp 3.6-14). Chamado por seu nome romano pela primeira vez no
relato de sua passagem por Pafos, na ilha de Chipre, “Saulo, que também se
chama Paulo, cheio do Espírito Santo” (At 13.9), é o principal modelo para
todos os pregadores da Palavra de Deus depois de Jesus Cristo.
A carreira de Paulo como
pregador do evangelho começou na majestosa cidade de Damasco, descrita
pelos poetas como “um punhado de pérolas numa taça de esmeralda” (BALL, p. 62).
Era essa a imagem que ele avistava, quase ao meio-dia, quando um raio de luz
mais brilhante que o sol em todo o seu esplendor cegou seus olhos, levando-o ao
chão. Todos os cristãos sabem muito bem o que aconteceu depois disso (At
9.1-9).
Num instante, tudo mudou na
vida de Saulo de Tarso, especialmente em seu íntimo. A arrogância farisaica
caiu por terra, e um servo de Deus quebrantado e abatido declarou: “Senhor, que
queres que faça?” (At 9.6).
Após deixar Jerusalém, Paulo
passou uns dez anos pregando o evangelho em partes da Síria e da Cilícia. Nesse
período, segundo ele mesmo relata, sua fama começou a chegar às igrejas da
Judeia: “Aquele que já nos perseguiu anuncia, agora, a fé que, antes, destruía.
E glorificavam a Deus a respeito de mim” (Gl 1.23,24). Barnabé, então,
convidou-o para trabalhar em Antioquia da Síria, e ambos ensinaram muita gente
durante um ano (At 11.25,26).
Há uma documentação ampla e
excepcional sobre a vida de Paulo, embora as principais — e
inquestionáveis — fontes sejam o livro de Atos dos Apóstolos e suas 13
epístolas. Desde a segunda metade do segundo século, há um corpus de escritos
que possibilita a reconstrução dos principais traços de sua personalidade, bem
como de sua atuação como apóstolo, pregador e mestre dos gentios. Quanto ao
período final de sua vida, há, especialmente, tradições preservadas por
Clemente de Roma (35–97 d.C.), além de livros apócrifos.