🎯 [...] As ideologias políticas se articulam através dos partidos para ideologizar a sociedade através dos seus núcleos de base, entre os quais está o objetivo de mobilizar a militância para os debates e doutrinação ideológica.
Já houve vários
conflitos ideológicos ao longo dos séculos, desde os conflitos ideológicos da
Guerra Fria, que foi um dos que mais duraram, passando pelo apartheid na
África, pelos conflitos entre liberalismo e nacionalismo no Canadá e pelos
recentes nacionalismo étnico e radicalismo islâmico, sem contar o fascismo e o
nazismo que tiveram como textura as ideologias nacionalistas.
1. O termo “ideologia
O
termo “ideologia”, no geral, pode ser visto como o conjunto de ideias,
pensamentos, doutrinas ou visões de mundo de um indivíduo ou de um grupo
orientado para suas ações sociais e políticas. As raízes das discussões
ideológicas são platônicas e aristotélicas passando por vários teóricos como
John Locke, Étinne Bonnot, Destutt de Tracy, Marx, Engels, entre outros. Dentro
desse contexto, estão as ideologias políticas.
Desde
o nascimento do cristianismo, os cristãos tiveram que conviver com ideologias
políticas como os zelotes e os herodianos.
2. Ideologias
políticas
3. Ideologias políticas: socialismo, liberalismo, conservadorismo, nacionalismo
Várias
são as ideologias políticas hoje, como socialismo, liberalismo, conservadorismo,
nacionalismo etc.
Um
dos problemas das ideologias políticas é quando elas exigem um comprometimento
religioso (idólatra) da pessoa. A idolatria pode aparecer de forma sutil
exigindo lealdade do indivíduo.
O
cristão busca a verdade seja no sentido absoluto quanto relativo, pois Deus é a
verdade e Jesus é a verdade (Jo 14.3). A verdade para o cristão é fundamentada
na revelação das Escrituras e de Cristo (Jo 5.39; Jo 1.14). Estando a condição
humana afetada pelo pecado, o homem tem dificuldades de percepção da verdade,
tanto absoluta quanto relativa. É por isso que o homem e a sua busca pela
ideologia política ideal acaba algumas vezes em um labirinto.
O
jovem cristão precisa entender que normalmente algumas ideologias políticas
acabam sendo idolatradas e vistas como fontes de salvação, apregoando a bondade
humana, destronando Deus e idealizando um mundo melhor sem atingir o problema
na raiz: o pecado (Jo 1.29; Rm 3.23).
4. Podemos analisar as ideologias políticas sob duas perspectivas: a antropológica e a teológica.
📚 No aspecto
antropológico,
não podemos negar que as ideologias são geradas e concebidas dentro da nossa
condição humana e com base na antropologia teológica, uma condição humana
afetada pelo pecado (Rm 3.23). Assim, como seres humanos, somos seres sociais,
racionais, morais e políticos, mas como seres humanos também somos pecadores.
Por isso, somos egocêntricos, e o pecado afetou todas as esferas humanas,
incluindo nossas relações políticas (Rm 1.18-32).
📖 No aspecto
teológico,
somos feitos à imagem de Deus, assim temos condições de raciocinar e temos
dignidade pelo fato de sermos feitos à imagem e semelhança de Deus (Gn 1.27).
Partindo
do pressuposto que somos seres racionais, feitos à imagem e semelhança de Deus,
devemos analisar as ideologias políticas a partir de uma cosmovisão cristã (Rm
12.2; Mc 12.30; 1 Co 2.16), atentando para aquelas que mais se aproximam dos
ideais de Deus e de Sua Palavra e que dignificam a condição humana, contribuindo
para o bem estar da coletividade.
Não
podemos ter apenas uma ética cristã, uma prática cristã e uma espiritualidade
cristã. Precisamos também ter uma mente cristã (2 Co 10.5). Não podemos deixar
que o secularismo nos deixe sem respostas ou nos seduza. Mente cristã também se
aplica às ideologias políticas.
Devemos
atentar também que o termo “mundo” (1 Jo 2.15,16) refere-se ao vasto sistema de
vida desta era fomentado por Satanás, que emprega ideias mundanas de
moralidade, psicologias, governos, comunicação de massa, esporte, agricultura,
sistemas econômicos e também ideologias políticas. Satanás é o deus do presente
século (2 Co 4.4). Assim, o mundo está sob o domínio de Satanás (Jo 12.31) e a
Igreja pertence a Deus (Ef 5.23,24), sendo, portanto, grupos distintos e
opostos. Cabe à Igreja ser sal e luz (Mt 5.13,14) e não ter comunhão espiritual
com o mundo (sistema ímpio), que vive conforme os seus valores (2 Co 6.14).
Assim,
não devemos impor nossa visão ideológica política, mas, se necessário, agir pela
persuasão dos princípios e pela participação responsável. Devemos pautar nossa
ideologia política pelo Estado de direito, o bem público, a defesa da liberdade
(este é um dos grandes bens que Deus nos deixou), os padrões da ética cristã e,
aliado a isto, devemos ter uma participação responsável na sociedade sendo bons
cidadãos, cumprindo nossos deveres cívicos e agindo como uma voz contra o mau
uso da autoridade do governo. Deve-se observar qual o papel do Estado e da
justiça na ideologia política. Estes devem ser vistos conforme a ótica bíblica
(Is 1.17; Am 5.24; Mq 6.8; Pv 29.14; Rm 13.1-6).
Portanto,
os cristãos devem rejeitar qualquer ideologia política que apregoe
autoritarismo, totalitarismo e ideias que contrariem as afirmações cristãs de
verdade, tendo sempre o cuidado de não se tornar vítima de idolatria de
ideologias políticas. Lembrando sempre que brevemente o sistema deste mundo
será destruído por Deus para dar lugar ao Reino eterno de Cristo Jesus! Deste
Reino, nós somos súditos! (Dn 2.34,35,44; 2Ts 1.7; 1Co 7.31; Ap 18.2).
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Referências: RAMOS, Adejarlan. O cristão e as ideologia. Jornal
Mensageiro da Paz, ano 89, n° 1612, p. 16