Memória
e aprendizagem andam de mãos dadas, afinal, uma informação só se torna conhecimento
quando é compreendida e fixada no cérebro e, nesse caso, é ativada a memória de
longo prazo, a responsável por guardar uma lembrança de maneira definitiva ou
por muito tempo. É à memória que recorremos, também, quando precisamos fazer
uma prova ou alguma atividade, mesmo que grande parte desse conteúdo não seja
utilizado depois. Conservar a capacidade de memorizar, portanto, é
indispensável para nunca deixar de aprender.
Para
alcançar esse objetivo, o primeiro passo é manter bons hábitos. Depois, é
possível apostar em práticas que facilitam a memorização. "Há inúmeras
técnicas para exercitar a memória e outras funções cognitivas como a atenção,
percepção, linguagem e função executiva, tendo em vista que todas as atividades
que demandam foco e atenção são capazes de ativar a memória", afirma a
psicóloga Joanna Netto, professora do curso de Psicologia da Anhanguera Niterói
(RJ). Um psicólogo e/ou um neurologista podem auxiliar na aplicação dessas
técnicas e no processo de autoconhecimento, identificando os fatores que
prejudicam ou favorecem a memorização em cada caso. Também é possível treinar
as diferentes estratégias e escolher aquela que apresenta melhores resultados.
Confira algumas e experimente!
1. MAPA MENTAL
Indicada
especialmente para quem memoriza informações visuais, esta técnica é simples e
baseia-se no desenho de um diagrama que conecta os conteúdos de forma
organizada, em vez de um texto linear. “O mapa mental é uma ferramenta
eficiente para trabalhar a memorização. Essas técnicas são muito bem-vindas,
mas ressalto o cuidado com os processos prontos. pois precisamos entender a
individualidade de cada pessoa", avisa a psicóloga e coach Rosangela
Sampaio.
Criar
um mapa mental é fácil: use uma folha de papel ou um quadro em branco e, no
centro, escreva o assunto que precisa ser memorizado, dentro de uma forma
geométrica, usando uma ou duas palavras-chaves ou um desenho, caso prefira.
Depois, escreva outras palavras ou faça outros desenhos relacionados ao assunto
e ligue-os ao centro, como se fosse um chip. A ideia é organizar o diagrama em
subtópicos e separar por cores para estimular ainda mais a memória visual.
Ligadas à forma geométrica maior situada no centro, podem estar outras formas
menores, dividindo o assunto e, conectadas a essas, outras formas ainda
menores, com palavras relacionadas a cada subdivisão.
Os
mapas mentais podem ser usados para estudar, em reuniões de brainstorming
("tempestade de ideias” em inglês, técnica usada para criar algo ou propor
soluções, em que os participantes expõem suas ideias e sugestões sem pensar
muito) e até para analisar situações da vida pessoal.
2. PALÁCIO DA MEMÓRIA
Também
é chamado de método de loci, que quer dizer lugares, em latim, e foi criado na
Grécia Antiga, mas até hoje é usado principalmente por pessoas que falam em
público e precisam se lembrar de itens importantes a serem explicitados ou da
ordem do discurso. Também ajuda a decorar elementos importantes, de maneira
linear, para uma prova, por exemplo. A técnica recebe esse nome pois consiste
em escolher um local bastante conhecido, como a própria casa, e passar
mentalmente por cada cômodo, associando o espaço ou os objetos às ideias que
precisam ser lembradas. Confira o passo a passo da técnica:
💡 Escolha o lugar que será o seu palácio
da memória.
Pode
ser qualquer um, desde que seja muito bem conhecido por você, como sua casa,
seu local de trabalho ou o lugar onde estuda. Prefira locais associados a boas
lembranças, pois as emoções positivas podem ajudar a memorizar melhor.
💡 Liste,
mentalmente ou por escrito em um papel, tudo o que precisa memorizar e comece
espalhando o conteúdo pelo local, associando-o a objetos ou situações. Um
exemplo: se o objetivo é memorizar os planetas do Sistema Solar, distribua-os
pelos cômodos seguindo o percurso que você faz naturalmente, como entrando pelo
portão vermelho como Mercúrio, cumprimenta seu animal chamado Vénus, observa o
jardim que tem Terra etc.
💡 Refaça esse
percurso quantas vezes for necessárias, mentalmente ou fisicamente, passando
pelos lugares e narrando o que será preciso lembrar.
🛑 TÉCNICAS COMPROVADAS
Uma pesquisa da Universidade de Radboud, na Holanda, mostrou que
a capacidade de memorização dos participantes aumentou mais que o dobro após o
uso do palácio da memória. Eles usaram o método por 30 minutos diários, durante
40 dias, para tentar gravar 72 palavras. Antes da aplicação da técnica, eles se
lembravam de cerca de 26 palavras e, depois do uso do método, passaram a
guardar 62, em média.
Outra pesquisa, publicada na revista científica Psychological Science in the Public Interest, analisou a eficácia das dez técnicas de estudo mais utilizadas por estudantes, como fazer resumos e grifar textos. O teste prático de fazer exercícios e responder perguntas foi considerado uma das técnicas de alta eficácia, enquanto a auto explicação possui utilidade moderada e grifar conteúdos apresentou baixa utilidade. Contudo, vale destacar que nada melhor do que usar um método que esteja apresentando bons resultados para você.
3. MÉTODO CORNELL
O método recebe esse nome porque foi criado por um professor na Universidade Cornell, nos Estados Unidos. Consiste em uma forma de organizar o conteúdo no caderno para facilitar os estudos posteriormente. Serve para quem utiliza papel e caneta no trabalho e nas aulas e. para utilizá-lo, basta dividir a folha em três partes, como mostra a imagem. No topo, escreva a data e o assunto e use o espaço maior para anotar conteúdo da aula ou do assunto que considerar importante, fazer gráficos e desenhos, pulando uma linha para separar as ideias.
O
espaço menor à esquerda deve ser usado para destacar as ideias principais em
poucas palavras, como tópicos, palavras-chaves e números. Por último, no quadro
abaixo, faça um resumo de tudo.
“O método Cornell é um sistema de anotações que ajuda na organização de uma grande quantidade de informações", salienta Rosangela. Ele pode ser bastante útil para estudos posteriores, já que facilita encontrar o conteúdo entre as páginas.
💡 CADERNO FOLHA
👉 Tópicos
Destacar as ideias principais em poucas palavras, como tópicos, palavras-chaves e números.
👉 Anotações e
perguntas
Escreva a data e o assunto e use o espaço maior para anotar conteúdo da aula ou do assunto que considerar importante.
👉 Anotações e
perguntas
Faça
um resumo de tudo.
4. REPETIÇÃO
É
simples, mas funciona para muita gente. Ler e reler, fazer exercícios do mesmo
conteúdo ou insistir na tentativa e erro ajudam a transformar a informação em
conhecimento. Para estudos com palavras, como idiomas e leis, leia em voz baixa
e em voz alta, escute o mesmo conteúdo lido por outra pessoa, repita até que o
conteúdo seja fixado. Para estudos com números, habilidades manuais e até
exercícios físicos, repita a atividade até que sinta que ela se tomou um
aprendizado.
Para memorizar um conteúdo, em vez de apenas repetir a mesma técnica várias vezes, tente usar diferentes estímulos, por exemplo: assistir a um vídeo e ler um texto.
Artigo: Mente Curiosa. Ano 4, n°80 – junho
- 2020
Reverberação: www.cristaoalerta.com.br