
Há um texto de Malaquias que diz: “Eis
que (...) espalharei esterco sobre o vosso rosto, o esterco das vossas festas;
e com ele sereis tirados”, Ml 2.3. Esse texto pode ser aplicado às festas pagãs
que hoje se veem no Brasil e outros países, a maioria delas com raízes no
catolicismo romano. Tudo começou há muito tempo, no nascedouro da igreja
romana.
Quando o imperador Constantino I
(280-337 d.C.) proclamou-se cristão, designou bispos e pastores para elevados
cargos públicos. A Igreja dantes perseguida, agora apoiada pelo imperador, foi
levando sua religião aos povos e nações dominados por Roma. Mas, nesse processo
de evangelismo imposto sem preocupação doutrinária, absorveu muito da
idolatria, dos mitos e das festas pagãs daquelas gentes. Desse modo é que o calendário
cristão foi sendo infestado pelos eventos, costumes e festas e dos rituais da
mitologia pagã.
Dessa mixórdia originou-se o sincretismo
religioso em que se emaranham deuses do paganismo e do fetichismo, com supostos
“santos” do catolicismo romano. Até os dicionários, enciclopédias e revistas
seculares denunciam essa lamentável ocorrência de cerimônias pseudocristãs, que
desfiguram e aviltam o cristianismo num culto politeísta e mitológico.
1. O Carnaval
👉 O Carnaval um exemplo de festa pagã encetada pelo romanismo. No
mundo cristão medieval, o carnaval era o período de festas profanas que se
iniciava, geralmente, no Dia de Reis (Epifania) e se estendia até a
quarta-feira de cinzas, dia em que começavam os jejuns quaresmais. Consistia em
festejos populares e em manifestações sincréticas oriundas de ritos e costumes
pagãos, como as festas dionisíacas, as satumais, as lupercais, e
se caracterizava pela alegria desabrida, pela eliminação da repressão e da
censura, pela liberdade de atitudes críticas e eróticas.
A Enciclopédia Microsoft Encarta 99
nos traz a seguinte informação sobre o carnaval: “Palavra derivada do latim camelevarium,
que significa ‘abandonar a carne’. Refere-se à antiga proibição religiosa
(Igreja Católica) de comer carne durante os quarenta dias da quaresma”.
2. Sincretismo religioso
Católica romana fervorosa e organizadora
de uma festa do Divino que dura 15 dias, Maria Celeste Santos, a dona Celeste,
é figura de destaque em São Luís do Maranhão. Quando o papa João Paulo II
visitou a cidade, em outubro de 1991, ela foi escolhida para lhe entregar uma
bandeja de prata em nome da população. Na época, porém, circulou pela cidade o
boato de que o presente havia sido oferecido ao papa pelo vodum Averequetê,
que teria se incorporado em dona Celeste durante a solenidade. Embora não
comente o episódio, ela sempre assumiu que é consagrada a Averequetê. Além de
católica romana praticante, dona Celeste é também uma das líderes espirituais
da Casa das Minas, um terreiro fundado em 1840 para cultuar os voduns,
divindades africanas trazidas para o Brasil pelos escravos. A fusão de
doutrinas aparentemente antagônicas não é uma exclusividade de dona Celeste.
Por todo o país o sincretismo prolifera em terreno fértil, em especial entre
católicos e seguidores de cultos afro-brasileiros.
Segundo o escritor Reginaldo Prandi,
especialista em sociologia das religiões, no Brasil o sincretismo se formou no
século 19, quando os escravos deixaram o confinamento das senzalas e passaram a
viver nas cidades. “Eles já haviam experimentado uma assimilação intensa do
catolicismo e começaram então a reconstituir suas religiões”. Nas tradições
africanas, divindades conhecidas como orixás governavam determinadas partes do
mundo. No catolicismo romano popular, os santos também tinham esse poder.
“Iansã protege contra raios e relâmpagos e Santa Bárbara protege contra raios e
tempestades. Como as duas trabalham com raios, houve o cruzamento”, explica
Prandi.
Cultuados nas duas mais populares
religiões afro-brasileiras - a umbanda e o candomblé -, cada orixá corresponde
a um santo católico. Ocorrem variações regionais. Um exemplo é Oxóssi, que é
sincretizado na Bahia como São Jorge, mas no Rio de Janeiro representa São
Sebastião. A umbanda é a mais sincrética das religiões afro-brasileiras, tendo
acentuado seu lado ocidental com o kardecismo. Sua tendência mais recente é a
incorporação dos elementos mágicos da chamada Nova Era.
Não é à toa que no maior país católico do
mundo, a passagem do ano é uma festa profana, com brasileiros de todas as
origens sociais vestidos de branco, fazendo suas oferendas para Iemanjá”,
afirma o sociólogo Antônio Flávio Pierucci.
3. O aniversário de Herodes
👉 As festas juninas
outro exemplo. Tratam-se de comemorações
populares de espírito lúdico, tendo boa parte delas origem religiosa, tanto do
catolicismo romano quanto de cultos africanos, como se vê no caso do Afoxé e de
Bumba-meu-boi. Tradicionalmente, as festas iniciam-se a 12 de junho, véspera do
Dia de Santo Antônio, e vão até o final do mês, quando, no dia 29, se comemora
o Dia de São Pedro. Nessas festas há fogueiras, danças de quadrilha, fogos de
artifício e comidas típicas, e são frequentes os casos de embriaguez, brigas e
assassinatos.
Tais festas lembram uma outra. Jerusalém
estava iluminada por fogueiras, conta-nos Flávio Josefo, quando houve a festa
pelo aniversário de Herodes. O povo festejava nas ruas festejando com
banquetes, danças e bebidas. No palácio, em meio ao banquete oferecido aos oficiais
e nobres da Galiléia, Salomé, enteada de Herodes, dançava ante seus olhares
incestuosos. Num acesso concupiscente de liberalidade, o rei ofereceu-lhe até a
metade do seu reino. Salomé, talvez ainda uma adolescente, corre para sua mãe e
pergunta-lhe o que deve pedir. Herodíades, para vingar-se de João Batista, que
reprovava sua vida em adultério com o seu cunhado, manda que ela peça a cabeça
do profeta num prato.
Assim morreu aquele de quem Jesus falou:
“João Batista jejua e não bebe vinho”, Lc 7.33. Morreu, em consequência de
festejos com danças, comilanças, bebedeiras e fogueiras. E é assim que
comemoram o São João: Fazendo justamente aquilo que ele reprovava e que lhe
causou o cruel martírio.
Igualmente triste é a lembrança de uma
fogueira na vida de Pedro. Foi exatamente
sob a luz de uma pira que o afoito apóstolo sentiu o olhar penetrante de Jesus
e lembrou das palavras “Antes que o galo cante, três vezes me negarás” (Mt
14.3-12; Mc 6.17-29 e Mt 26.69-75).
Satanás escarnece dos crentes e ri dos
foliões que induziu a participar e a comemorar as datas dos “santos”, fazendo
exatamente aquilo que lhes causou sofrimento e morte.
É lamentável que cristãos ditos
evangélicos tomem parte nesses festejos pagãos em honra a Momo e a Baco, deus
do vinho, ou fantasiem seus filhos para a “simples festinha folclórica”,
entregando-os de bandeja nas mãos de Satanás, que aproveita a excelente
oportunidade para afastá-los da igreja e do Evangelho, talvez por toda a vida.
“E ouvi outra voz do céu, que dizia: Sai
dela, povo meu, para que não sejas participante dos seus pecados e para que não
incorras nas suas pragas”, Ap 18.4. “Por isso, retirai-vos do meio deles,
separai-vos, diz o Senhor; não toqueis em coisas impuras; e eu vos receberei”,
2 Co 6.17.