
Lições Bíblicas Adultos - 3°Trimestre
2025 - CPAD
Revista:
A IGREJA EM JERUSALÉM: Doutrina, Comunhão e Fé –
Base para o Crescimento da Igreja
Comentarista: Pr. José Gonçalves
TEXTO
ÁUREO
“E havia entre eles alguns varões de Chipre e de Cirene, os quais, entrando em Antioquia, falaram aos gregos, anunciando o Senhor Jesus.” (At 11.20)
VERDADE
PRÁTICA
Faz
parte da missão da Igreja a evangelização de povos não alcançados.
LEITURA
DIÁRIA
Segunda
- At 1.8
Alcançando
os confins da terra
Terça
- Rm 15.24
O
Evangelho além-mar
Quarta
- At 11.20,21
Implantando
igrejas
Quinta
- At 14.21
Fazendo
discípulos
Sexta
- At 11.26
Formando
a identidade cristã
Sábado
- At 11.29
Socorrendo
os necessitados
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Atos 11.19-30
19-
E os que foram dispersos pela perseguição que sucedeu por causa de Estêvão
caminharam até à Fenícia, Chipre e Antioquia, não anunciando a ninguém a
palavra senão somente aos judeus.
20-
E havia entre eles alguns varões de Chipre e de Cirene, os quais, entrando em
Antioquia, falaram aos gregos, anunciando o Senhor Jesus.
21-
E a mão do Senhor era com eles; e grande número creu e se converteu ao Senhor.
22-
E chegou a fama destas coisas aos ouvidos da igreja que estava em Jerusalém; e
enviaram Barnabé até Antioquia,
23-
o qual, quando chegou e viu a graça de Deus, se alegrou e exortou a todos a
que, com firmeza de coração, permanecessem no Senhor.
24-
Porque era homem de bem e cheio do Espírito Santo e de fé. E muita gente se
uniu ao Senhor.
25-
E partiu Barnabé para Tarso, a buscar Saulo; e, achando-o, o conduziu para
Antioquia.
26-
E sucedeu que todo um ano se reuniram naquela igreja e ensinaram muita gente.
Em Antioquia, foram os discípulos, pela primeira vez, chamados cristãos.
27-
Naqueles dias, desceram profetas de Jerusalém para Antioquia.
28-
E, levantando-se um deles, por nome Ágabo, dava a entender, pelo Espírito, que
haveria uma grande fome em todo o mundo, e isso aconteceu no tempo de Cláudio
César.
29-
E os discípulos determinaram mandar, cada um conforme o que pudesse, socorro
aos irmãos que habitavam na Judeia.
30-
O que eles com efeito fi zeram, enviando-o aos anciãos por mão de Barnabé e de
Saulo.
Hinos
Sugeridos: : 9, 11, 34 da Harpa Cristã
INTRODUÇÃO
Nesta
lição, iremos abordar a prisão, a condenação, a crucificação, a morte, o
sepultamento e a ressurreição de Jesus. Como o evangelho alcançou Antioquia,
uma importante cidade da Síria dentro do Império Romano? Conhecer esse fato é
relevante porque, pela primeira vez, cristãos de Jerusalém levam a mensagem da
cruz aos gentios fora das fronteiras de Israel. Com o ingresso do Evangelho na
cidade de Antioquia, a igreja dava seu primeiro salto na missão transcultural.
Nesta lição, estudaremos sobre como o “Ide” de Jesus é levado a sério por um grupo
de cristãos refugiados, vítimas da perseguição que sobreviera a Estêvão em
Jerusalém. Esses crentes, mesmo sendo leigos, possuíam uma forte consciência
missionária. E, quando perseguidos, não escondiam sua fé, mas a compartilhavam
apontando sempre para a cruz de Cristo. Esse é um belo exemplo de fé cristã que
deve, não somente nos inspirar, mas, sobretudo, nos levar a agir como
eles.
PALAVRA-CHAVE:
Missão
I – UMA IGREJA COM CONSCIÊNCIA
MISSIONÁRIA
1.
O Evangelho para além da fronteira de Israel.
Lucas
abre essa seção de seu livro fazendo referência aos cristãos, “os que foram
dispersos pela perseguição que sucedeu por causa de Estêvão caminharam até à
Fenícia, Chipre e Antioquia” (At 11.19). Observamos que essa passagem bíblica
faz um paralelo com Atos 8.1-4 onde narra o início da perseguição em Jerusalém
que gerou a dispersão cristã. Assim como Filipe, que em razão da perseguição
levou o Evangelho à cidade de Samaria, da mesma forma esses crentes, que também
faziam parte desse grupo de cristãos perseguidos, levaram o Evangelho para além
da fronteira de Israel.
2.
Cristãos dispersados, mas conscientes de sua missão.
Esses
cristãos dispersados, após fugirem de uma perseguição feroz, não esconderam a sua
fé. Aonde chegavam, anunciavam a Palavra de Deus (At 11.19,20). Foi assim que
eles deram testemunho do Evangelho na Fenícia, Chipre e Antioquia. O que vemos
são cristãos conscientes da missão de testemunhar de sua fé onde quer que
estivessem. Eles haviam sido comissionados para isso (Mt 28.19; At 1.8).
Somente cristãos participantes de uma igreja consciente de sua tarefa
missionária agem dessa forma. Eles não perdem o foco: anunciam o Senhor Jesus
em qualquer tempo, lugar e circunstância.
3.
Cristãos leigos, mas capacitados pelo Espírito.
Lucas destaca que dentre esses cristãos havia “alguns” que levaram o Evangelho
para Antioquia, capital da Síria, uma cidade cosmopolita e uma das três cidades
mais importantes do Império Romano (At 11.20). O texto deixa claro que foram
esses cristãos “comuns” os fundadores da igreja de Antioquia, uma das mais
relevantes e importantes do Novo Testamento (At 13.1-4). Eram cristãos anônimos
e leigos. Eles não são contados entre os apóstolos, diáconos ou presbíteros.
Contudo, eles foram usados por Deus para fundar aquele trabalho e foram
bem-sucedidos porque “a mão do Senhor era com eles” (At 11.21), conforme Lucas
destaca. Esse era o segredo que fez toda a diferença. O que fica em destaque,
portanto, não era o ofício ou o cargo, mas a capacitação do Senhor. Os
apóstolos eram extraordinários e os profetas excepcionais somente porque sobre
eles também estava a mão do Senhor.
SINÓPSE I
A Igreja de Jerusalém, mesmo dispersada,
manteve seu compromisso de anunciar o Evangelho com ousadia.
AUXÍLIO BÍBLICO-TEOLÓGICO
DE
JERUSALÉM À ANTIOQUIA DA SÍRIA
“Alguns destes primeiros missionários cristãos foram a
Antioquia, cidade cerca de quatrocentos e oitenta quilômetros ao norte de
Jerusalém. Sua importância política era devido ao fato de que servia como
capital da província romana da Síria. Antioquia da Síria, a terceira maior
cidade do Império Romano (depois de Roma e Alexandria), tornou-se a sede da
expansão do cristianismo fora da Palestina e figurava significativamente nas
missões cristãs aos gentios (At 13.1-3; 14.26-28; 15.22-35; 18.22).
A marcha do evangelho não para em Samaria e Cesareia. Alguns dos
missionários evangelizam tão ao norte quanto a Fenícia (o atual Líbano); outros
vão à ilha de Chipre, a pátria de Barnabé (At 11.19,20; cf. At 4.36). Isto
significa que havia cristãos na ilha antes de que Paulo e Barnabé pregassem o
evangelho lá (At 13.4-12). Outros missionários se aventuram indo muito mais ao
norte, à cidade famosa de Antioquia, com uma população calculada em aproximadamente
quinhentos mil habitantes (Marshall, 1980, p. 201) e a comunidade judaica
girando em torno de sessenta e cinco mil durante a era do Novo Testamento
(George, 1994, p. 170)” (Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento – Vol.
1. Rio de Janeiro: CPAD, 2024, pp.687,88).
II – UMA IGREJA COM VISÃO TRANSCULTURAL
1.
A cultura grega (helênica).
A
Bíblia nos conta que alguns cristãos que tinham sido espalhados pelo mundo
chegaram a “Antioquia, falaram aos gregos (At 11.20). Essa expressão, “falaram
aos gregos”, é muito importante. De acordo com estudiosos, ela explica que esse
foi o primeiro momento em que cristãos judeus falaram de Jesus para pessoas que
não eram judias, adoravam outros deuses e não seguiam o Judaísmo. Isso mostra
que a igreja começou a levar a mensagem de Jesus para além das fronteiras da
Palestina, chegando a um mundo totalmente diferente, onde as pessoas não
conheciam a fé judaica. Ou seja, não eram judeus que falavam grego pregando
para outros judeus da mesma cultura, mas cristãos judeus que falavam grego
levando o Evangelho a pessoas que não tinham nenhuma ligação com o Judaísmo.
Dessa forma, o que Jesus havia ordenado — pregar o Evangelho a “toda criatura”
(Mc 16.15) — começou a se cumprir.
2.
Contextualizando a mensagem.
Podemos
ver aqui um exemplo de como os primeiros cristãos adaptavam a mensagem ao
contexto em que estavam. Lucas nos conta que eles “anunciavam” o evangelho do
Senhor Jesus” (At 11.20). O texto é curto e direto, mas esses cristãos estavam
pregando para pessoas que não eram judias. Isso significa dizer que eles não
podiam simplesmente usar o Antigo Testamento para provar que Jesus era o Messias
prometido, porque isso não faria sentido para aquele público. Diferente dos
judeus e samaritanos, que já esperavam um Messias (At 2.36; 5.42; 8.5; 9.22),
os gentios não tinham essa mesma expectativa. Além disso, esses cristãos também
não mencionam costumes judaicos, como a circuncisão, que Estêvão citou em seu
discurso (At 7.51), porque isso não fazia parte da cultura dos gentios. Em vez
de enfatizar que Jesus era o Messias, eles destacavam que Ele é o Senhor. Ou
seja, estavam dizendo que os pagãos precisavam deixar seus falsos deuses e se
voltar para o único e verdadeiro Senhor (At 14.15; 26.18,20). Dessa forma, sem
comprometer a verdade da mensagem, o Evangelho foi se espalhando e alcançando
diferentes culturas.
SINÓPSE II
Cristãos judeus pregaram aos gentios em
Antioquia, contextualizando a mensagem sem perder sua essência.
AUXÍLIO BÍBLICO-TEOLÓGICO
A PREGAÇÃO TRANSCULTURAL DO EVANGELHO
“A maioria destes crentes dispersos pregava somente ‘aos judeus’
(v. 19), mas alguns crentes de Chipre e Cirene dão um passo ousado e também
pregam as boas-novas de Jesus ‘aos gregos’, isto é, aos gentios pagãos em
Antioquia (v. 20). Parece que eles alcançaram Antioquia numa época posterior do
que aqueles que pregavam somente aos judeus. Algo pode ter acontecido durante o
intervalo para torná-los tão corajosos e revolucionários, como o derramamento
do Espírito Santo em Cesareia. Eles puseram em prática o que o Espírito levou
Pedro a fazer com Cornélio e seus amigos.
A pregação do evangelho em Antioquia tem sucesso numérico, o
qual é atribuído à ‘mão do Senhor’ (v. 21). Quer dizer, Deus abençoa esse
ministério e seu poder capacita os discípulos a trazerem muitos judeus e
gentios daquela cidade à fé em Jesus Cristo. O ministério de Pedro tinha aberto
as portas da Igreja aos gentios em Cesareia, mas a pregação do evangelho em
Antioquia é o começo de um vigoroso esforço para evangelizar o mundo gentio”
(Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento – Vol. 1. Rio de Janeiro: CPAD,
2024, p.688).
III – UMA IGREJA QUE FORMA DISCÍPULOS
1.
A base do discipulado.
Ao
serem informados de que o Evangelho havia chegado a Antioquia (At 11.22), a
partir de Jerusalém, os apóstolos enviaram Barnabé para lá. Chegando ali,
Barnabé viu uma igreja viva e cheia da graça de Deus (At 11.23). Como um homem
de bem e cheio do Espírito Santo, Barnabé os encorajou na fé (At 11.24).
Contudo, logo se percebeu que aquela igreja precisava de mais instrução, ou
seja, precisava ser discipulada. Com esse propósito, Barnabé foi em busca de
Saulo para que o auxiliasse nesta missão. E assim foi feito: “E sucedeu que
todo um ano se reuniram naquela igreja e ensinaram muita gente” (At 11.26).
Esse episódio nos mostra que não basta ganhar almas, é preciso ensiná-las. Sem
o ensino, a igreja não cresce em graça e conhecimento. O crescimento saudável
só é possível por meio da obra da evangelização e do discipulado.
2.
Denominados de “cristãos”.
Os
cristãos de Jerusalém haviam sido chamados na igreja de “irmãos” (At 1.16);
“crentes” (At 2.44); “discípulos” (At 6.1) e “santos” (At 9.13). Também passaram
a ser identificados tanto pelos de dentro da igreja como pelos de fora dela
como aqueles que eram do “caminho “(At 9.2; 19.9,23; 22.4; 24.14,22). Agora em
Antioquia são chamados de “cristãos” (At 11.26). O termo “cristãos” tem o
sentido de “pessoas de Cristo”.
3.
A identidade cristã.
O
que realmente define um cristão não é apenas um nome ou um rótulo, mas sim sua
vida, sua fé e suas atitudes. Embora alguns estudiosos acreditem que o termo
“cristão” tenha sido usado em Antioquia como uma forma de zombaria, a verdade é
que aqueles seguidores de Jesus demonstravam um grande entusiasmo e dedicação,
assim como os primeiros crentes que vieram da igreja de Jerusalém para pregar
naquela cidade.
O
nome “cristão” aparece novamente na Bíblia em Atos 26.28 e 1 Pedro 4.16.
Segundo a Bíblia, ser cristão significa crer em Jesus, abandonar o pecado e
receber a salvação como um presente de Deus, dado pela sua graça.
SINÓPSE III
A Igreja investiu no ensino e
discipulado, consolidando a fé e a identidade cristã dos novos convertidos.
CONCLUSÃO
Aprendemos
como a providência de Deus faz com que o Evangelho chegue, por meio da Igreja,
a povos ainda não alcançados. O que se destaca não é uma metodologia
sofisticada de evangelismo, mas a graça de Deus, que capacita pessoas simples e
anônimas a realizarem a sua obra. Quem deseja fazer, Deus capacita. Ninguém
jamais terá tudo de que precisa para cumprir a obra de Deus; no entanto, se
Deus tiver tudo de nós, Ele nos habilitará a realizá-la.
REVISANDO
O CONTEÚDO
1.
Qual era o foco dos cristãos que foram dispersados?
Anunciar
o Senhor Jesus em qualquer tempo, lugar e circunstância.
2.
Como era a cidade de Antioquia?
Antioquia
era uma cidade cosmopolita, capital da Síria e uma das três mais importantes do
Império Romano, com forte influência helênica.
3.
Como os primeiros cristãos contextualizavam a mensagem do Evangelho para os
gentios?
Eles
não usavam o Antigo Testamento para provar que Jesus era o Messias prometido,
nem mencionavam costumes judaicos, mas enfatizavam que Jesus era o Senhor.
4.
O que o episódio de Atos 11.22,23,24,26 mostra?
Esse
episódio nos mostra que não basta ganhar almas, é preciso ensiná-las; sem o
ensino a igreja não cresce em graça e conhecimento.
5.
Qual é o sentido do termo “cristão”?
O
termo “cristão” tem o sentido de “pessoa de Cristo” e se refere à identidade
daqueles que seguem, creem e vivem de acordo com os ensinamentos de Jesus.
VOCABULÁRIO
Cosmopolita:
oriundo ou próprio dos grandes centros urbanos, das grandes cidades; que recebe
influência cultural de grandes centros urbanos de outros países.