
A
doutrina da Sola Scriptura, frequentemente associada ao protestantismo,
encontra raízes sólidas na teologia da igreja primitiva. Este artigo busca
destacar declarações significativas de líderes cristãos anteriores a Lutero,
demonstrando que a ênfase na suficiência das Escrituras transcende o contexto
reformador.
I.
A ênfase na suficiência das Escrituras transcende o contexto reformador
1.
A Afirmação de Atanásio (Quarto Século)
Atanásio,
no quarto século, proclamou que as "Escrituras santas e inspiradas são
suficientes para a comunicação da verdade." Esta declaração ressalta a
convicção de que a Palavra de Deus é completa e capaz de transmitir a verdade
essencial para a fé cristã.
2.
A Ênfase de Cirilo de Jerusalém (Quarto Século)
Cirilo
de Jerusalém, contemporâneo de Atanásio, destacou a importância das Escrituras
Sagradas em assuntos divinos e santos. Ele argumentou que nenhuma declaração
deveria ser feita sem referência às Escrituras, indicando uma dependência
fundamental na revelação escrita como guia na fé cristã.
3.
A Convicção de Vicente de Lérins (Cerca de 450)
Vicente
de Lérins, aproximadamente em 450, afirmou que o cânon da Escritura é completo
e suficiente por si mesmo. Essa convicção reforça a ideia de que as Sagradas
Escrituras, no Antigo Testamento, eram consideradas adequadas para orientar a
fé e a prática cristã, antes mesmo do surgimento do Novo Testamento.
Antes
do advento do protestantismo, as declarações desses líderes da igreja primitiva
evidenciam a presença da doutrina da Sola Scriptura. A convicção na suficiência
das Escrituras para orientar a fé e a prática cristã já era uma parte
intrínseca da teologia cristã muito antes do período reformador, desafiando a
narrativa de que essa doutrina é uma inovação exclusiva do protestantismo.
II.
A Suficiência das Escrituras na Igreja Primitiva
O
debate sobre a importância da tradição católica frequentemente destaca a
ausência do Novo Testamento na primeira geração cristã. No entanto, uma análise
do ensinamento de Paulo em 2 Timóteo 3.15-17 revela uma ênfase na suficiência
das Sagradas Letras (Antigo Testamento) na igreja primitiva.
1.
Paulo e a Suficiência do Antigo Testamento
O
apóstolo Paulo, em 2 Timóteo 3.15-17, destaca que as Sagradas Letras são
capazes de fazer sábio para a salvação pela fé em Cristo. Essa afirmação
enfatiza a confiança na Palavra de Deus antes mesmo do surgimento do Novo
Testamento.
2.
Confiança de Jesus e da Igreja Primitiva nas Escrituras
A
atitude da igreja primitiva reflete a visão de Jesus Cristo, que constantemente
apelava à Bíblia do seu povo. A igreja confiava na Palavra de Deus total e
suficiente, representada pelo Antigo Testamento, antes mesmo da inclusão do
Novo Testamento.
III.
Compreendendo a Sola Scriptura na Luz da Escritura
Alguns
questionam a validade da Sola Scriptura, alegando que a Escritura não ensina
explicitamente essa ideia.
1.
O que a Escritura Ensina
A
Escritura ensina várias doutrinas, como a Trindade, descrevendo Deus como Pai,
Filho e Espírito Santo. No entanto, podemos nos perguntar: a Escritura ensina
claramente essas doutrinas? Se alguém pensa que a Escritura deveria ensinar de
maneira explícita, então concordamos que a Trindade não é ensinada dessa forma.
2.
Paralelo com Outras Doutrinas
Assim
como algumas doutrinas, como a Trindade, não são explicitamente ensinadas na
Escritura, a Sola Scriptura também não é mencionada de forma direta.
Entretanto, tanto teólogos católicos quanto evangélicos aceitam essas doutrinas,
justificando-as como resumos apropriados das afirmações da Escritura ou
decorrências lógicas de outras crenças.
Conclusão
A
ideia de que a Escritura não ensina explicitamente a Sola Scriptura, e por isso
seria contraditória a crença nela, não se sustenta. Tanto a teologia católica
quanto a evangélica aceitam crenças que a Escritura não ensina diretamente,
explicando-as como resumos adequados ou conclusões lógicas. A Sola Scriptura,
nesse contexto, é uma crença simples e coerente com a abordagem teológica
geral.
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