“Em 1 João 1.8 lemos que ‘se dissermos que não pecamos fazemo-lo (Deus) mentiroso’, e em 1João 3.9 está escrito que ‘Qualquer que é nascido de Deus não comete pecado’. Seria uma contradição?”
João 1.8 afirma que somos pecadores. O suposto
problema está em 1 João 3.9. O texto grego traduzido por “não comete pecado” é hamartian
ou poiei.
O termo hamartian é declinação de hamartia, que
significa pecado, errar o alvo, desviar-se do caminho de retidão e honra. O
termo ou é o advérbio de negação “não”. O termo poiei está no Presente do
Indicativo do verbo poieo: fazer, produzir, ser o autor ou a causa de.
Por isso, essa frase tem sido traduzida por “não comete pecado” (ARC) e “não
pratica o pecado” (NVl). Contudo, é preciso observar que o tempo presente traz
a ideia de ação contínua e habitual. Logo, algumas traduções optam por “não
continuam pecando” (NTLH) e “não vive na prática do pecado” (RA).
Essa diferença de tradução é observada em outros
dois textos, onde o verbo hamartano (“eu peco”) está no Presente do
Indicativo: em 1 João 3.6 - "Qualquer que permanece nele não peca [puch
hamartanei] e em 5.18 - “Sabemos que todo aquele que é nascido de Deus
não vive em pecado [ouch hamartanei]”. Embora a tradução da mesma
frase seja diferente, o significado é o mesmo.
Logo, podemos concluir que o texto não poderia
estar afirmando que o recém-convertido deixa imediatamente de pecar. Antes,
afirma que o fiel não continua na prática irresponsável, sem arrependimento e
persistente do pecado, como fazia antes de iniciar o seu relacionamento com
Deus. Tal atitude não caracteriza os filhos de Deus (Gl 5.22-23), mas, sim, os
filhos do Diabo, pois o próprio Satanás continua agindo deste modo (l Jo 3.8,10
e Gl 5.19-21).
Em síntese, podemos afirmar que o fiel está
sujeito a “quedas”, pois dentro dele permanece a natureza pecaminosa (Rm
7.17,20). Contudo, tem à sua disposição o próprio Senhor que o ajuda a vencer o
pecado, sempre disposto a perdoá-lo e restaurá-lo (l Jo 2.1 e Jo 17.17).
Para esses conceitos ficarem mais claros,
analisemos o “processo” da salvação, que ocorre em quatro etapas:
1) Justificação;
2) Regeneração;
3) Santificação; e
4) Glorificação.
O ser humano, sem comunhão com Deus e sua
direção, está à mercê de suas próprias decisões, tornando-se “descontrolado”,
escravo de desejos e de paixões escravizadoras. É extremamente egoísta e
destrutivo (Ef 2.1-3; Is 64.6; Rm
1.24-31 e 2Tm 3.2-4). O apóstolo Paulo chama essa situação de “came”, “came
pecaminosa”, “velho homem”, “corpo desta morte” (Rm 6.6; 7.5,24; 8.3; Ef 4.22 e
Cl 3.9).
Quando o ser humano assume um compromisso de
conhecer e obedecer ao Senhor Jesus, a primeira etapa da salvação começa a
agir, ou seja, a justificação. Ela é uma declaração divina de que o novo
convertido é justo e sem pecado. Essa justificação está baseada no sacrifício
perfeito de Cristo na cruz (Rm 3.24; Cl 1.13 e 2Co 5.17-18).
Juntamente com a justificação, ocorre a
regeneração ou novo nascimento (Jo 3.3). O Espirito Santo passa a habitar no
fiel, vivificando o espírito humano e restaurando a comunhão com Deus. Logo, o
fiel passa a desfrutar e a participar da presença e poder divinos dentro de si
(2Tm 1.14; 2Co 1.22; Ef 2.5 e lJo 3.24). Nessa etapa, ainda não foi eliminada a
natureza pecaminosa. Ela continua presente e atuante.
A terceira etapa é a santificação, quando o ser humano
aprende a se submeter a Deus e à sua vontade (Os 4.6; 6.6; Jo 8.32). Isso não
ocorre imediatamente: é um processo. Tem por objetivo o controle e domínio
pleno sobre a natureza pecaminosa (Ef 4.12-14; 1Pd 1.5,14-16; 2.1; l Jo 3.3).
Por um lado, o espírito humano está ligado ao
Espírito de Deus, desejando aquilo que é bom e agradável a Deus. Por outro
lado, a velha natureza tende a continuar independente e inclinada ao egoísmo,
buscando a felicidade de forma imatura e irresponsável. Logo, temos um conflito
entre as duas naturezas (Rm 7.18-23; 8.3-10; Hb 12.4 e Ap 22.11). Quem vencerá?
Aquele que estiver mais bem alimentado! (Dt 8.3; Mt 4.4 e Fp 4.8).
A última etapa é a glorificação, que está
relacionada à primeira fase da Segunda Vinda de Cristo (o Arrebatamento da
Igreja). Nesse evento, todos os fiéis (vivos e mortos) receberão um novo corpo,
sem qualquer vestígio ou resquício da velha e traiçoeira natureza pecaminosa
(Rm 8.11 e 1Co 15.44,53). O processo de salvação, então, estará concluído (Fp
1.6; Ap 2.7,26; 3.12,21).
Artigo: Pr. Maurício Capellari
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